Arrumar a casa enquanto se arruma a cabeça

Fátima Lopes // Julho 10, 2024
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Chega a esta altura do ano e só penso em férias. Para parar, relaxar, recuperar energia, divertir-me com a minha família e amigos e passear. Quando as férias com a família terminam, gosto sempre de deixar um ou dois dias para arrumações. Isto pode parecer absurdo ou um desperdício de tempo, mas para mim não é. Pelo contrário. 

À medida que vou arrumando gavetas, estantes, armários e garagem, arrumo as ideias. 

A minha mente não consegue boicotar a calma que as arrumações me trazem. É curioso, mas fico totalmente focada nessa tarefa e não deixo que o pensamento vagueie.

Além disso, os processos de arrumação são levados muito a sério por mim. As escolhas são feitas com critérios. 

Desfazer-me de um objeto, seja ele qual for, tem de ter uma razão. O objetivo é sempre prolongar-lhe a vida noutra casa, noutra vida, com outras pessoas. O lixo só é solução quando falamos de algo que está irremediavelmente estragado. Gostando eu de bricolage e tendo à minha volta muitas outras pessoas que também gostam, penso sempre primeiro na possível recuperação das peças, objetos ou roupas, ou na sua utilização para construir algo diferente. Se nada me ocorre, consulto os amigos amantes da arte da reciclagem, para saber se estão interessados nas minhas matérias-primas. Faço fotos e envio para saber quem quer o quê. 

Quando me oferecem livros que sei que não vou ler porque as temáticas não me interessam, tento perceber a quem os posso dar. Algumas vezes acabo por os entregar a bibliotecas que os recebem com gratidão.

Esta necessidade de arrumar, mudar ou destralhar não me aparece só nesta época do ano, em que sinto que, para recomeçar, tenho de ter a “casa” (minha casa e a minha cabeça) arrumada. 

Sempre que atinjo um pico prolongado de stress e trabalho, onde a minha criatividade esteve a dar o seu máximo durante muito tempo, preciso de parar para voltar a estabelecer prioridades, traçar objetivos e reorganizar o tempo. Para isso muito me ajudam os processos de arrumação. Enquanto arrumo o escritório, por exemplo, volto a passar pelos blocos onde tomo notas de diferentes projetos, pastas onde estão arquivados materiais que quero estudar, livros que acho importantes ler para aumentar o meu conhecimento. Ao arrumar os meus instrumentos de trabalho, sinto que fico mais capaz e produtiva.

Para algumas pessoas isto pode não fazer qualquer sentido, e está tudo bem. Para mim, cada vez mais, arrumar a casa é arrumar a cabeça.

Nota: Fotografia por Verónica Silva 

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