Amor patológico: quando amar se torna um vício

Bárbara Ramos Dias // Fevereiro 12, 2021
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amor patológico
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As consequências do amor patológico são cada vez mais comuns e existem cada vez mais pessoas que não conseguem viver sem estar numa relação. Porquê? Porque amar alguém pode tornar-se num vício. A boa notícia é que conseguimos intervir e melhorar rapidamente através de psicoterapia.

Quando o amor é sinónimo de dor emocional é porque está a amar demais. Um sofrimento à espera que ele mude, mesmo sabendo que isso nunca vai acontecer, é amar demais. Pergunto: o seu relacionamento é sempre tortuoso? Dá por si muitas vezes a pensar: “Mas, porque atraio este tipo de pessoas?”. Pois saiba que somos, precisamente, nós que atraímos essas pessoas. Porquê? Porque atraímos o que somos, atraímos a energia que vibramos e o vazio interno é tão grande que o preenchemos sempre com o outro. 

Amor saudável vs Amor patológico

É importante distinguir um relacionamento saudável e construtivo das relações que não o são. E quando o amor significa sofrimento, nem sempre as pessoas o conseguem identificar como um problema. Isto acontece porque os sinais de co-dependência afetiva nem sempre são fáceis de identificar pelo próprio, mas podem tornar-se bastante visíveis para quem está próximo. 

Estamos a falar de uma obsessão gradual em que a pessoa deixa de viver a sua vida para passar a querer viver a do outro. O outro passa a ser o único foco da vida da pessoa em vez de ser apenas uma parte. Estamos a falar de pessoas que se tornam impulsivas e compulsivas. Há uma urgência em fazer com que nada falhe na relação e um medo de ficar sem aquele relacionamento. Mas, esta  patologia não é exclusiva de relacionamentos amorosos, acontece, muitas vezes, entre pais e filhos.

Por isso, é determinante que os amigos e família estejam atentos quando o limite saudável da relação é ultrapassado. 

Mulheres que amam demais

Este é um problema que afeta, principalmente, adolescentes e mulheres com mais de 30 anos, com dificuldade em manter um relacionamento estável. Chegam a um ponto em que vêem as relações como a última possibilidade de serem felizes e fazem tudo para as manter e controlar. 

Estas mulheres atraem-se por homens tempestivos, aventureiros e distantes, ignoram e acham aborrecidos, os “certinhos”. Sentem-se vazias sem o companheiro, embora por vezes seja um tormento estar com ele. Trata-se de uma dependência. Têm medo de ser rejeitadas, daí fazerem tudo para serem necessárias. Estão sempre disponíveis e, por isso, põem os amigos e familiares à parte. 

Sempre que se apaixonam, acabam por viver uma relação de controlo, de tentar mudar o outro à sua medida. Até podem ver que a relação não vai ao encontro da sua medida, mas não conseguem acabar. O amor torna-se uma necessidade, têm medo da mudança, do desconhecido, medo de abandonar o que conhecem e ir ao encontro do desconhecido.

10 caraterísticas do amor patológico:

  1. Sofrimento com a ausência – Medo de ficar sozinha;
  2. Isolamento social – Abandono de interesses e atividades antes realizadas; 
  3. Dependência e preocupação excessiva com o outro;
  4. Excesso de contacto (mensagens, chamadas, etc.), ciúme excessivo, obsessão; 
  5. Estar sempre a querer mudar o outro à imagem dos padrões idealizados;
  6. Baixa autoestima e falta de aceitação de si própria, não aceita que merece ser feliz, não se acha  boa que chegue, tem necessidade de validação e de reconhecimento;
  7. Atração por intrigas, discussão e dramas;
  8. Controlo de bolsos, extratos bancários, telemóveis, emails, via verde…;
  9. Desenvolvimento de distúrbios alimentares, obsessão com determinados alimentos;
  10. Estados depressivos e de ansiedade, alteração padrões de sono ou da alimentação

E quando o amor se torna uma doença?

Para se libertarem deste sofrimento e dor têm de aprender a serem responsáveis por si próprias, a aceitarem-se totalmente sem ser necessária a constante aprovação do outro. Valorizarem-se a si mesmas e ao outro sem tentarem mudá-lo. Mas, para evitar chegar a este ponto recomendo que as pessoas não se isolem no início de uma relação, que façam exercícios para aumentar a autoestima, dediquem tempo a uma atividade individual que promova o sentido de autorrealização e que consultem um especialista.

Como pode a psicoterapia ajudar nestes casos de amor patológico?

À medida que as sessões de Psicoterapia vão passando a auto-estima vai-se consolidando e estas mulheres começam a confiar mais em si mesmas e vão deixando de tentar controlar tudo, até mesmo em relação aos filhos. O grau de culpa melhora e, consequentemente, todo o ambiente à sua volta – tanto no relacionamento, como no círculo de amigos e familiares – se modifica.  

Tornam-se também mais honestas, mais puras, mais genuínas, porque, acima de tudo, aprendem a valorizar a serenidade, deixando de se sentirem atraídas pelo drama, pelo caos e pelas lutas. 

Sentem-se livres de satisfazer interesses e necessidades, por isso saboreiam melhor a vida. E, assim, terão o melhor para partilhar: o amor genuíno

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