Amar com liberdade

Andreia Lourador // Junho 13, 2021
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É muito difícil que todas as pessoas se refiram ao mesmo sentimento e significado em relação ao amor. Este sentimento tão primitivo traz experiências tão diferentes e arrebatadoras, desde a ternura, à paixão, ao apego, até à posse, obsessão e ciúme. Para muitos, é sinónimo de dor, sofrimento e agonia. Existem sentimentos controversos parecidos com amor, mas que nada tem haver com este sentimento tão generoso e prazeroso. Falo do “amor obsessivo”, um sentimento que, na verdade, tem muito pouco a ver com o amor…

Quando o amor se torna obsessivo

Amar desta forma é ansiar, é querer algo sem pensar no outro. No amor obsessivo não há espaço para “nós”. E o amor é o lugar onde cabe um Tu, um Eu e um Nós. Por isso é que o amor é generoso, é livre, não aprisiona. Não dói. O amor serve para nos complementar, não para completar. Porque só conseguimos amar quando estamos inteiros. 

Quando o amor se transforma em obsessão a outra pessoa deixa de nos complementar para nos completar. Por isso, temos medo que nos abandone, porque deixará um vazio que não mais conseguiremos preencher. 

Juntos para sempre

Esta afirmação, que crescemos a vê-la tão romantizada, na literatura, no cinema e na música, por si só já adorna e fantasia a verdadeira posse. E possuir é sofrer. Porquê? Porque nada é permanente. As relações, as pessoas, os objetos, o dinheiro, as funções que ocupamos, tudo muda. E precisamos aprender a viver na impermanência porque nada é para sempre. Quando entendemos isto, conseguimos usufruir de tudo o que temos em paz. 

Não, o amor não dói.

O que dói é ferimento no joelho, tombo de bicicleta, falta de reciprocidade, rejeição ou possessão. O amor nutre a alma, acolhe, tranquiliza e cicatriza.

No entanto, o sofrimento ainda é uma das ideias que mais associamos ao amor. Acreditamos que sofrer numa relação é inevitável e que isso está relacionado com a intensidade e profundidade do amor, como se quanto mais sofrermos mais amamos. Mas, fará isto sentido, num sentimento tão generoso como o amor?

Isto foi aprendido cultural e socialmente através da crença de que o sofrimento é uma prova de amor. Uma ideologia que pode inclusive chegar a ser um pouco sadomasoquista. Ora, se o amor é para doar e partilhar, o sofrimento não cabe nele.  

Ter não é possuir porque possuir não é amor!

Quando falamos de relacionamento amoroso, tendemos a confundir estes dois conceitos. Ter alguém não é, de forma alguma, possuir. 

Ter alguém significa que nos partilhamos integralmente, sem que sejamos obrigados a isso. Doamo-nos de forma completamente livre, enquanto o desejarmos e formos desejados. Não existe nenhuma obrigatoriedade no amor, ninguém tem de permanecer ao lado de ninguém para sempre, se já não o desejar. 

É possível amar com liberdade?

Quando o sofrimento aparece nos nossos relacionamentos amorosos é porque alguma coisa está errada. O desenvolvimento pessoal, maturidade, honestidade e a harmonia do casal são elementos que, quando se consolidam, deixam de ter espaço para o sofrimento na relação. Nesta equação não cabe a obsessão e a possessividade

Quando amamos de uma forma saudável relacionamo-nos sem sofrimento, sem posse, sem medos que nos façam perder a nossa liberdade individual e sem a necessidade de estar com alguém para não nos sentirmos sozinhos.

A união que representa o nosso vínculo amoroso não pode estar contaminada pela possessividade e pela dependência. Afastar-se destas duas práticas tão comuns exige muita maturidade e sobretudo um bom autoconceito e valorização pessoal. Quando temos medo de perder o outro, então é porque nós não estamos inteiros. Aprender a ser e estar inteiro é a premissa primária que nos fará amar com liberdade. Não há como viver em paz quando se está constantemente dependente do medo de perder o que acreditamos possuir.

Antes de amar, ame-se primeiro.

Este é o princípio que nos afasta de todos os medos, do medo da perda, do abandono, da rejeição, e que estabelece motivo para nos sentirmos gratos pelo vínculo que temos, vivendo-o livremente. Isto é o amor.

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