Alimentação consciente e natural no Outono

Daniela Ricardo // Outubro 8, 2018
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Observando a natureza e as transformações que nela ocorrem concluímos que nesta estação do ano – o Outono – predomina uma energia com sentido descendente. Este ano (2018) parece que o Outono não entrará exatamente como o que vem descrito no calendário. O Verão foi tardio, muitos dos frutos característicos do Verão estão ainda a ser colhidos. Mesmo chegando mais tarde, no Outono passamos de um período quente e vibrante, no qual a natureza nos dá os seus frutos, os animais passeiam-se por toda a parte, para um período em que a temperatura começa a descer, o sol já não emite um brilho tão ofuscante, os animais partem para climas mais quentes ou preparam-se para o recolhimento. As folhas das árvores passam de verde luminoso para tons terra, amarelos, vermelhos, castanhos e acabam por cair.

Qual a energia que se vive no Outono?

Ciclicamente falando e segundo a Medicina Tradicional Chinesa, a Primavera tem características semelhantes à infância e adolescência, o Verão assemelha-se a uma altura da vida em que tudo é exuberante e cheio de energia – o período da idade adulta – e o Outono é um período muito semelhante à meia-idade. Nesta estação a energia dominante é a do elemento Metal, uma energia contractiva e de recolhimento no seu centro.

As nossas emoções também são afetadas com as estações. À medida que o tempo vai mudando de toda a sua exuberância para um ciclo mais calmo e tristonho, também nós nos começamos a sentir assim. É importante mantermos abertura de espírito e não nos deixarmos levar por estas emoções que muitas vezes conduzem à chamada depressão sazonal, tão característica desta altura do ano.

Nesta altura do ano, tudo na Natureza inicia uma contracção.

É a época da queda das folhas e frutos, as sementes secam, a seiva das árvores dirige-se para as raízes, as gramíneas perdem a sua cor verde forte e tornam-se leves e secas. Há abundância de frutos e sementes. Celebramos a abundância das colheitas, há abundância de uvas, maçãs, peras, dióspiros, castanhas, frutos secos, frutos vermelhos, abóboras.

Esta é uma boa altura para nos dedicarmos mais a atividades físicas internas.

Como, por exemplo, o Tai-chi, o Yoga, o Chi Kung, a dança, que nos ajudará a respirar melhor e a relaxar. Os órgãos a ter especial atenção nesta altura do ano são os pulmões e intestino grosso. Não é à toa que esta é uma altura propícia para gripes e constipações.

A Natureza transforma-se continuamente. E, nós, como parte integrante da natureza, devemos acompanhá-la nessa transformação.

Ficarmos parados à espera que passe ou tentar fazer as mesmas coisas que fazíamos no Verão só nos vai desgastar. Necessitamos, então, de transformar o nosso meio interior, para que acompanhe a transformação do meio exterior trazida pela nova estação. Na verdade, o meio interior e o exterior deve ser um “continuum” de energia, bastando que para tal o nosso organismo esteja permeável à troca.

Uma forma rápida e eficaz de acompanharmos as mudanças e de nos adaptarmos a elas é através da alimentação tal como já foi referido várias vezes. O que comemos e como comemos, ajuda-nos a estar em equilíbrio com o meio em que estamos inseridos, é a forma mais directa e imediata de ajuste do nosso corpo, mente e espírito. É a melhor forma de mantermos o equilíbrio e consequentemente a nossa saúde.

Quais os métodos culinários que devemos privilegiar no Outono?

Escolher local e sazonal ajuda tanto como respeitar os métodos culinários a utilizar.  Os métodos mais relevantes nesta altura do ano são os Nhishime (estufado longo, com pouca água e pedaços grandes), o Nituke (salteado longo), estufados e eventualmente os assados no forno, caso se verifique frio e humidade.

Como devem ser compostos os pratos no Outono?

Os pratos de Outono são normalmente condimentados com um pouco mais de azeite e de sal, do que os de Verão. Ingere-se menos alimentos crus, preferindo-se, por exemplo, legumes escaldados, em detrimento dos crus (saladas), pois irão aquecer-nos um pouco mais.

Que alimentos devemos comer no Outono?

Os alimentos que escolhemos também têm importância. No que respeita aos cereais, nesta estação, devemos dar mais ênfase ao arroz e ao millet.

O arroz integral é o cereal mais utilizado na alimentação macrobiótica e vegetariana, tem um valor nutricional muito superior ao do arroz branco, particularmente no que diz respeito a vitaminas do grupo B e proteínas. É um excelente alimento para o desenvolvimento intelectual e espiritual, e de um ponto de vista físico beneficia sobretudo os pulmões e o intestino grosso, os dois órgãos em destaque nesta estação.

O millet é um cereal de grão pequeno e de tonalidade amarelada, conhecido também com milho painço. Este é o único cereal alcalino e é um dos cereais que pode ser consumido durante todo o ano pois ajuda a atenuar os efeitos da dieta acidificante que se leva hoje em dia.

No que respeita à escolha de fruta e legumes, a tarefa fica bem mais fácil se optarmos por fruta da época e legumes da estação, de preferência de produção nacional. Os alimentos preferenciais são os que possuem uma energia descendente, conforme sentimos a energia do Outono, tais como vegetais de raízes – cenouras, nabos – e vegetais que crescem mais próximo do solo – como as abóboras, as cebolas e as diversas qualidades de couves.

Nituke de cenoura e nabo com laranja:

Este é um método culinário excelente para usar na mudança de estações, tanto na Primavera, como no Outono.

Grau de dificuldade: médio

Tempo de preparação: 25 min

Rendimento: 4 a 6 pessoas

Validade: frigorífico – até 7 dias

Sem Glúten – Sem lactose – Vegan

Ingredientes:

  • 3 Cenouras;
  • 2 Nabos;
  • Azeite;
  • Sal marinho;
  • Raspa de 1 laranja.

Preparação:

Lave e descasque as cenouras e os nabos.

Corte-os em tiras finas e coloque-os numa panela com um fio de azeite e uma pitada de sal.

Salteie até ficarem macias.

Adicione a raspa da laranja e envolva bem.

Delicioso e bem aromático.

Dica: Sirva com amêndoa tostada ou sementes de papoila. Terá uma autêntica sobremesa, dentro do seu prato principal.

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