O mês de Maio é para mim um mês muito especial. Não tanto por ser o mês do meu aniversário, mas por ser um mês que sinto ter uma espiritualidade e uma interioridade muito fortes.
É um mês em que dou por mim a fazer muitas reflexões. Dou por mim a analisar muitas das coisas que já me aconteceram nesse ano e, às vezes até, a comparar com as que aconteceram em igual período do ano anterior. Gosto de me deter nestas reflexões. Não acho que sejam perdas de tempo, mas, sim, tomadas de consciência extremamentes importantes. E, o mês de Maio por ser o mês de Maria é um mês que me pede isso, que me pede esta paragem, a que nos últimos tempos nos obrigámos a fazer. Uma paragem que muitos de nós aprendemos a fazer agora.
Uma paragem que pede reflexão.
É exactamente nestas reflexões que eu gostaria de vos lançar um desafio. Façam deste mês de Maio, um mês onde procurem a vossa missão. Sim, porque todos nós temos uma missão. Todos viemos à Terra, nesta altura para viver esta vida com um propósito.
Toda a gente tem uma missão e está cá por alguma razão. Ninguém está cá só por estar.
A forma como tocamos a vida de todos os que estão à nossa volta, mostra que temos uma missão. E o grande desafio é descobrirmos que missão é a nossa. Porque a partir do momento em que descobrimos qual é a nossa missão, tudo ganha sentido, tudo se percebe e a nossa energia multiplica-se. Percebemos que não estamos cá simplesmente para ver andar os outros, como diz o povo, mas estamos cá porque temos um propósito, um caminho para fazer, lições para aprender e também lições para ajudar os outros a aprenderem.
Eu descobri a minha missão.
Fruto destas reflexões e deste investimento que faço nas viagens ao meu interior, há uns bons anos que me fui apercebendo qual era a minha missão. Porque é que eu estava onde estava e a fazer o que faço? Porque é que trabalho em televisão e comunico com tantas pessoas diariamente? Porque é que me mantinha ali?
Fui percebendo com o passar do tempo que a minha missão é, primeiro, levar esperança. Levar sempre esperança, levar sempre uma palavra de alento, mostrar sempre que há um outro caminho, que é possível recuperar, superar, escrever uma outra página das nossas vidas. É possível até começar novos capítulos, mesmo em fases e idades em que achamos que já está tudo escrito e tudo vivido. Eu percebi que esta é uma das minhas missões.
Por mais histórias duras que eu oiça e por mais testemunhos sofridos que às vezes chegam até mim, dou por mim a concluir sempre essa escuta com as tais palavras de esperança. Às vezes nem sei de onde é que elas vêm nem como acabaram formuladas daquela maneira, mas elas saem. Porque elas fazem parte da minha missão. Assim como há algum tempo que percebi que também faz parte da minha missão espalhar o amor incondicional.
Sinto de uma forma cada vez mais forte, que a minha missão é espalhar esta ideia da aceitação do outro, com a sua história, as suas vivências, com os seus valores e as suas crenças. Simplesmente aceitar. E quando falo em amor incondicional, refiro-me a amar o próximo independentemente das suas escolhas e da sua história. Este é um desafio imenso.
Simplesmente aceitar o outro como ele é.
Fomos educados e treinados pela sociedade a julgar, a catalogar e a arrumar as pessoas em categorias. Quando alguém não se encaixa naquilo que nós aprendemos como sendo o normal, o correcto, o aceitável, muito provavelmente vamos julgar e apontar o dedo, sendo incapazes de simplesmente aceitar aquela pessoa com as suas capacidades e incapacidades, as suas virtudes e os seus defeitos. E eu sinto que uma das minhas missões é esta: a de aceitar o outro independentemente da sua história e das suas escolhas e ajudar os outros a aceitarem também.
Um dos exercícios mais bonitos e, para mim, mais gratificantes, é receber pessoas no meu programa cuja história de vida está pautada e marcada por escolhas que aos olhos de muitos são condenáveis. Eu simplesmente escuto-as e aceito-as como pessoas exactamente iguais a mim. E sempre que o consigo fazer, termino o dia feliz, com a sensação que cumpri a minha missão. Quando nos conseguimos pôr no lugar do outro, quando procuramos simplesmente ouvir e tentar perceber o outro sem julgamento, conseguimos aceitar que aquela pessoa provavelmente fez o melhor que sabia, no momento em que estava a viver, com as condições que tinha.
E isto é amor incondicional. E isto é um desafio diário. Esta é a minha missão. Espalhar este amor incondicional, esta aceitação pelo outro e levar esperança.
É muito bom quando descobrimos a nossa missão, o nosso propósito.
A vida já me provou que em situações muito diferentes, com pessoas muito diferentes e em realidades que nada têm a ver umas com as outras, o meu propósito mostrou sempre ser o mesmo.
Então, aqui vos deixo o desafio: estejam atentos, olhem com olhos de ver. Escutem verdadeiramente. Não é só escutar exteriormente, escutem interiormente. Prestem atenção aos pequenos detalhes, às pequenas mensagens que a vida vos vai dando. Às vezes as respostas estão num comentário, numa frase perdida algures na cidade, numa música que se ouviu. As respostas estão aí à espera que as encontremos, mas sempre que descobrimos a nossa missão há uma luz que se acende para sempre na nossa vida.
Nota: Fotografia por Verónica Silva