A ansiedade e outras doenças mentais têm um componente físico muito importante e são cada vez mais uma outra pandemia mundial que ficou agravada pela situação arrastada da COVID-19. Mas, afinal o que é a ansiedade e quando é que se torna patológica?
A ansiedade é uma resposta natural a uma situação entendida pelo nosso sistema nervoso como potencialmente ameaçadora da nossa integridade física, e todos os mamíferos têm um sistema de resposta fisiológica semelhante ao nosso. O problema é quando esta resposta se torna ela própria a doença… E, neste caso, estamos perante uma perturbação generalizada da ansiedade.
Quais são os sintomas da ansiedade?
A perturbação generalizada da ansiedade é caracterizada por uma preocupação excessiva e persistente que é difícil de controlar pela pessoa. Esta situação causa desconforto e traz limitações importantes às atividades diárias normais. Considera-se patológica (doença) se estiver presente na maior parte dos dias, há pelo menos 6 meses.
É normal que todos passemos por fases e períodos de maior ansiedade.
Todos passamos por fases e períodos de maior ansiedade, relacionados com eventos específicos da nossa vida. Vejamos o exemplo dos estudantes universitários em época de exames: é habitual, e até diria saudável, para a construção da estrutura psicológica de uma pessoa que ela passe por um período de preocupação “excessiva” em relação ao seu desempenho sob avaliação, mas que seja capaz de a superar e não se sentir limitada pela ansiedade excessiva.
Seguramente que o Cristiano Ronaldo também fica ansioso quando marcar um penálti na final da Liga dos Campeões. Mas, apesar disso, supera a dificuldade e, marque golo ou “falhe”, arrisca o pontapé.
“Estou sempre nervosa/o. Será que é ansiedade?”
As pessoas que sofrem de “ansiedade generalizada” ficam bloqueadas e limitadas por ela. Mas não tem de ser assim!
Os tratamentos eficazes para a ansiedade, apostam mais em enfrentar e controlar os sintomas, com um foco especial no lado físico (ou somático): tensão muscular, dificuldade na respiração, alterações do sono e apetite, entre outros que levam a um cansaço persistente, irritabilidade e falta de energia arrastadas.
Quais são os tratamentos para a ansiedade?
Na minha perspetiva, a ansiedade não é um problema psicológico, mas, sim, um conjunto de manifestações físicas do nosso lado emocional (irracional) que está relacionado com o chamado sistema nervoso autonómico (ou automático), que não está sob controlo consciente.
Precisamos, então, de trabalhar a parte emocional tal como trataríamos um outro mamífero “irracional”, ou seja, através de estímulos físicos. Como?
3 Dicas para controlar a ansiedade:
- Praticar exercício físico regular, adequado e bem orientado;
- Técnicas de relaxamento que se foquem, essencialmente, na parte respiratória (estimulação física dos músculos e seus nervos);
- Terapia cognitivo comportamental que deve ser feita com apoio de um bom psicólogo.
Tudo isto pode e deve ser feito de suporte à chamada terapia farmacológica, que é útil como complemento ao tratamento, mas que não deve ser a única ferramenta utilizada. Os medicamentos são um complemento e não a solução.
Não sofra em silêncio.
A ansiedade e outras doenças mentais têm um componente físico muito importante e são cada vez mais uma outra pandemia mundial que ficou agravada pela situação arrastada da COVID-19. Precisamos de enfrentar este problema com uma abordagem de equipa – multidisciplinar – em que tanto o doente, como a família fazem parte da solução.
Peça ajuda ao seu médico para começar hoje mesmo a tratar a sua saúde mental.