Conheci o projeto Academia Casa dos Avós através da minha amiga Cristina Mesquita de Oliveira, presidente da Vidas – Associação Portuguesa de Menopausa. Achei bonita a ideia de lançar o meu livro “Simply Flow, Atreve-te a abrandar”, num contexto onde se pensa positivo sobre as questões do envelhecimento e se valoriza, acima de tudo, a relação com os avós.
Esta Academia nasceu do amor imenso que a neta Rosália Monteiro tem pela sua avó Augusta. Uma mulher que na sua simplicidade e humildade, passou a todos muito conhecimento sobre a vida e sobre os valores que a devem orientar.
A avó Augusta ensinou a amar e a cuidar.
Ao ouvir a Rosália falar sobre a sua avó, fiquei com a ideia de que ela era o pilar da família. A sua força, a sua personalidade, o seu exemplo, o carinho e a ternura que partilhava com a família, tornavam-na necessariamente no centro. Para além de tudo isto, a avó Augusta deu uma gigante lição sobre o valor de viver com um propósito.
Consequência da idade e de alguns problemas de saúde, a avó Augusta foi perdendo mobilidade nas pernas e numa das mãos.
O facto de se sentir limitada, começou a deixá-la triste e sem a mesma vontade de viver. Não aproveitava os momentos com a família como sempre fez e, aos 97 anos, começou a isolar-se progressivamente por esta perda de interesse na vida.
Até que a sua neta Rosália a desafiou para que fizesse qualquer coisa com as mãos.
Mesmo sabendo que uma delas não estava totalmente funcional, arriscou sugerir a utilização de uma agulha adaptada, já que a avó era uma amante de crochet. A sugestão foi muito mal recebida, causando enorme tristeza à avó Augusta, que dizia não ser capaz. Justificou a sugestão da neta por ser nova e, por isso, não compreender as suas dificuldades. Há que dizer que a avó Augusta teve 6 filhos, o marido emigrou para o Brasil e ela criou-os ao mesmo tempo que tomava conta de uma mercearia e do quintal para produzir o que a terra podia dar.
Uns dias depois, quando Rosália foi visitar a avó, encontrou-a a fazer cordões de lã.
O propósito de fazer cordões de lã tornou-se tão forte que a avó Augusta voltou a acordar cedo, a despachar-se com entusiasmo, porque tinha “trabalho” para fazer.
Os cordões de lã reconectaram-na à vida e a quem amava.
Para a família foi uma lição gigante do quanto o propósito é importante em todas as idades e que mesmo aos 97 anos podemos descobrir o nosso. Com todos estes ensinamentos bem presentes e como forma de homenagear uma guerreira que partiu com 101 anos, a neta Rosália criou a Academia Casa dos Avós.
Privilegiar a relação entre avós e netos
Aqui são pensadas ações e iniciativas que permitam valorizar o papel dos avós e aproximá-los de todos os elementos da família, em especial dos netos. Como disse a Rosália no evento de apresentação do meu livro, “a relação entre avós e netos é um exemplo de uma relação Simply Flow, onde o tempo flui devagar”. Aproveitemo-lo da melhor forma e sempre com muito amor.
Nota: Fotografia destaque por Verónica Silva
