O Sagrado Masculino e Sagrado Feminino são dois movimentos internos e externos que têm ganho, nos últimos anos uma grande força. Eles são um reflexo claro de que a transformação e o despertar de consciência está verdadeiramente a acontecer.
O que é o Sagrado Masculino e Sagrado Feminino?
Ambos são movimentos espirituais internos, que vêm de um lugar de questionamento sobre o que é Ser Homem e Ser Mulher, sobre o profundo e o sagrado presente na energia masculina e feminina.
Sagrado Feminino como forma de estar na vida oferece conhecimentos sobre espiritualidade, sobre o corpo físico e emocional da mulher, os seus ciclos internos e a sua ligação com os ciclos da Natureza. Mas, para mim, Inês, há algo ainda mais profundo e especial no Sagrado Feminino… é um caminho de Regresso a Casa. É sobre voltar a ter respeito e confiança em nós mesmas e em todos os seres, é sobre dar ouvidos aos ritmos do corpo e da alma, respeitar a nossa verdade e as nossas escolhas e é também sobre honrar a nossa linhagem, a nossa ancestralidade, a Mãe Terra e os mistérios da Lua.
Também o Sagrado Masculino é um caminho de regresso a casa, é um resgate da energia masculina sã, é uma conexão profunda com a energia Solar, onde estão contidos os arquétipos masculinos, desde o guerreiro ao sábio.
O homem contemporâneo tornou-se frágil e manipulado.
Pelos média. Pelo cristianismo. Pelo capitalismo. O Cristianismo destruiu o símbolo fálico, transformando a sua energia sagrada em algo repugnante e vergonhoso.
A cultura patriarcal preconiza que “homem que é homem” não chora, não se vulnerabiliza, usa a força física, gosta de (muitas) mulheres, de futebol e de beber cerveja. Para conseguir chegar a este ponto, o patriarcado retirou ao homem, a peça mais importante e ponte fundamental para o seu desenvolvimento são e consciente: os seus rituais iniciáticos.
Ao abolir e destruir o único momento marcante que redefinia e ressignificava a responsabilidade e consciência do homem, o patriarcado garantiu o controlo da sua vontade, missão e princípios. Assegurando que o rapaz nunca chegaria a ser um homem adulto consciente, dono e conhecedor do sagrado que em si existe. Isto fez com que o homem deixasse de respeitar os seus ciclos naturais, deixasse de saber como se conectar com o seu feminino e de como viver o seu masculino saudável. O objetivo foi o desenvolvimento de uma cultura machista feita de rapazes perdidos, altamente susceptíveis e manipuláveis, que dominavam todos os quadrantes sócio económicos a nível mundial.
Quando um homem foi desprovido da sua conexão com o seu divino, ele deixou de conseguir solidificar os seus valores e princípios, começando a desrespeitar o sagrado que existe nas mulheres.
A partir daí, as relações ficaram deturpadas e marcadas por opressão e dominação masculina e consequentemente a degeneração das gerações seguintes.
A sexualidade foi um dos pontos mais marcantes deste sistema, que se tornou num espelho pragmático da disfunção que se vivia. A dessacralização do ato divino de união feito pela religião ao considerar pecado, pelo capitalismo ao considerar negócio e pelo homem rapaz ao se considerar um ser superior, fez com que a mulher se fecha-se para se defender de tanta subjugação.
Acreditamos, que uma das melhores portas de cura para os nossos sagrados é através de uma reaprendizagem do que é uma sexualidade saudável, consciente e madura, onde a magia do amor puro irá dissolver os rancores e promover um caminho do perdão.
Os homens voltarão a ganhar a confiança e respeito das mulheres e as mulheres voltarão a ganhar o amor puro e a verdade do homem.
O Sagrado Masculino diz que ser homem é um caminho de verdade e resgate interior, e é também integrar o feminino dentro de si. É reaprender a ser vulnerável, sensível, gentil, e é sobre viver a sua verdade, respeitar-se e respeitar as mulheres, a natureza.
Nesta Nova Era, estamos a viver uma integração do sagrado masculino e sagrado feminino.
O despertar de consciência nos homens e mulheres tem sido cada vez maior, e há uma noção cada vez mais clara de que é através da união, do amor, da vulnerabilidade e do desenvolvimento de um olhar sagrado perante a vida, que a humanidade se irá curar e libertar das “amarras patriarcais” .
Será necessário que façamos um trabalho conjunto em amor, perdoando todo este tempo de manipulação que tanto mal fez à mulher e ao homem, para que os nossos filhos possam olhar para trás com orgulho da nossa maturação que não irá apenas beneficiar o ser humano, como também o próprio planeta Terra.
Nota: Texto escrito em conjunto com Rui Estrela.