A saúde mental na gravidez

Diogo Telles Correia // Novembro 18, 2018
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Existe uma maior vulnerabilidade nas mulheres grávidas para a doença mental?

As grávidas sofrem várias alterações nesta importante fase da sua vida. Algumas delas são biológicas, há muitas alterações hormonais e da forma física. Outras são sociais e do seu envolvimento ambiental – passa a haver um novo ser que é o centro da família, pode haver alterações da relação mãe-pai, a mãe pode ter de faltar ao trabalho por longos períodos (o que pode ter consequências importantes, por exemplo, em termos de carreira).

Todas estas alterações exigem uma adaptação da mulher e perante a mudança e a necessidade de adaptação, as pessoas tornam-se mais vulneráveis a alterações psicológicas e perturbações psiquiátricas.

A doença mental é frequente na gravidez?

As perturbações psiquiátricas podem surgir no período pré e pós-parto. As mais graves são a perturbação depressiva major (prevalência que pode chegar aos 12% na gravidez e aos 30% no pós-parto) e as perturbações de ansiedade (prevalência que pode chegar aos 20%). Ambas estas situações requerem tratamento.

Por vezes há sintomas ligeiros depressivos/ansiosos no pós-parto que não constituem uma perturbação propriamente dita, o “Blues Pós-parto”, que se caracteriza por um período de maior tristeza, ansiedade, irritabilidade que surge geralmente nas primeiras 2 semanas do pós-parto e não dura mais de um mês. Caso aumente a sua gravidade, quer em termos temporais, quer em termos de intensidade de sintomas, é fundamental uma consulta.

Como se tratam as doenças mentais na gravidez?

O tratamento destas perturbações faz-se com psicoterapia que pode ser de vários tipos, por exemplo do tipo cognitivo-comportamental. Através desta psicoterapia tentamos ajudar a mulher a pôr em causa os pensamentos mais disfuncionais substituindo-os por outros mais racionais e mais adequados, bem como planear atividades que aumentem o bem-estar e melhorem os sintomas.

Por vezes é necessário recorrer a medicação. É importante sublinhar que alguma medicação psiquiátrica pode ser dada com segurança em grávidas ou durante a amamentação. Há medicamentos seguros para estes casos e que não põem em risco a saúde da mãe e do filho.

Pode haver consequências se as doenças mentais na gravidez não forem tratadas?

Existem alguns estudos que se debruçam sobre as consequências das perturbações depressivas e de ansiedade graves durante a gravidez. Alguns deles demonstram que podem haver influência na saúde da mãe, com consequências não só na sua saúde mental e no seu sofrimento psicológico, mas também na sua condição física (podendo haver consequências, por exemplo, cardiovasculares, por aumento da tensão arterial).

Mas, de acordo com algumas evidências, poderá também estar em risco o neurodesenvolvimento do bebé. No pós-parto é também referido que o processo de relação/vinculação do bebé com a mãe pode ser influenciado por estas situações. Daí que seja fundamental o seu tratamento.

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