A paixão de escrever à mão

Fátima Lopes // Janeiro 23, 2024
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escrever à mão
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No Dia da Escrita à Mão, decidi escrever um texto para poder expressar o que sinto sobre este meu velho hábito. 

Hoje podemos fazer tudo digitalmente e não gastar uma única folha de papel. A verdade é que há coisas que não consigo “confiar” ao digital. Ando sempre com blocos/cadernos onde aponto as minhas tarefas, as informações das reuniões em que participo, os projetos que estou a desenvolver e os objetivos que quero concretizar. Há um bloco para questões profissionais, um para tarefas pessoais/ familiares e outro para os apontamentos dos retiros e workshops em que participo. 

Tranquiliza-me ler as páginas em papel. 

Tenho a sensação que a informação se arruma mais facilmente na minha cabeça e que sou mais eficaz a concretizar o que delineei. 

Escrever à mão continua a ser uma paixão para mim. 

De tal forma que quando começo a pensar num novo livro, o esqueleto da história, assim como a definição das personagens, é todo feito em papel. Só depois me lanço ao computador. 

Sinto que a escrita à mão me inspira. 

Não sei porquê. Talvez por, desde pequena, ter gostado sempre muito de cadernos, blocos e materiais onde pudesse escrever e ter sido um bem escasso. Nos anos em que vivi em Moçambique, dos 8 aos 11, tinha dois ou três cadernos com que fazia o ano lectivo todo e não podia usar as suas páginas para nenhuma atividade lúdica, porque quando terminasse a última página era muito difícil comprar novos, simplesmente porque não existiam nas lojas. 

Quando cheguei a Portugal, havia muito para comprar, mas as dificuldades económicas impunham que se poupasse os cadernos e os aproveitasse ao máximo. Resumindo, para mim passaram a ser bens que merecem todo o respeito. E quando compro ou me dão um bloco novo, já sei que não é para ficar morto numa prateleira. É, sim, para ganhar vida com aquilo que nele vou escrever. 

A característica única da escrita à mão

Escrever à mão, tal como escrever no computador, exige a minha criatividade, conhecimento, intenção e organização. Só que a escrita à mão tem uma característica que é única: tem a energia do momento em que eu escrevo. A nossa letra não está sempre igual,  porque o nosso estado de espírito altera-se conforme o que estamos a viver. É por isso que vou continuar a escrever à mão e a revisitar cadernos antigos, recordando momentos da vida que já passaram e que muito me ensinaram.

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