Assinala-se hoje – 04 de Setembro – o Dia Mundial da Saúde Sexual, dinamizado em 2010 pela Associação Mundial de Saúde Sexual.
O que é a Saúde Sexual?
Em 1974 a Organização Mundial de Saúde (OMS) criou o seu primeiro comité dedicado à Saúde Sexual e definindo-a como “um estado físico, mental e de bem-estar social relacionado com a sexualidade”. Defendeu ainda que “é necessária uma abordagem positiva e respeitosa da sexualidade e das relações sexuais, e também a possibilidade de ter prazer e experiências seguras, sem coesão, discriminação ou violência”.
Dia Mundial da Saúde Sexual
Esta é uma data muito importante, uma vez que não encontramos muitos lugares e momentos para falarmos da nossa saúde sexual, principalmente nós que somos mulheres e estamos preocupadas com o nosso prazer. É difícil encontrarmos um espaço seguro e de confiança onde possamos tirar as nossas dúvidas sobre a nossa sexualidade de uma maneira séria e respeitosa. Então, vamos aproveitar este dia para falarmos sobre algumas coisas muito importantes da nossa sexualidade.
A sexualidade humana
Master & Johnson foram os pioneiros nas pesquisas sobre a sexualidade humana. Na década de 1970, eles foram os primeiros a escrever sobre a resposta sexual, descrevendo-a como sendo linear e composta por 3 fases:
- Excitação;
- Plato;
- Orgasmo.
Anos mais tarde, Kaplan se juntou a eles para formular um outro modelo sobre a resposta sexual, dessa vez incluindo o desejo. Segundo este modelo a resposta sexual deveria seguir esta ordem:
- Desejo;
- Excitação;
- Orgasmo.
Este modelo de resposta nos limitou por vários anos, pois acreditava-se que, para se começar o ato sexual, era preciso ter primeiro o desejo, e este desejo, muitas vezes, vai desaparecendo com a rotina e os anos dos relacionamentos.
Somente em 2001 Bason descreveu a resposta sexual como sendo cíclica e não linear, isso quer dizer que nem sempre precisamos esperar pelo desejo para termos uma relação sexual. A relação sexual pode começar por vários motivos como: intimidade do casal, estímulo sexual, satisfação… Aquele desejo que temos no começo do relacionamento pode ir se desgastando ao longo dos anos, com a rotina, a falta de tempo, mas nós podemos (e devemos!) estimular este desejo, estando abertas para que outros estímulos nos levem a desfrutar mais e melhor a nossa sexualidade.
Então vamos falar um pouco sobre cada um desses componentes da nossa sexualidade, quais problemas cada um pode apresentar e o que podemos fazer para ficarmos cada vez melhores.
Componentes da sexualidade humana:
1. Desejo
O desejo é cognitivo, é o que está nas nossas cabeças, são os nossos pensamentos, as nossas vontades.
Geralmente no começo dos relacionamentos o desejo está mais aflorado, isso tem a ver com a fase da paixão que estamos vivendo, onde tudo é lindo e perfeito e não enxergamos defeitos no outro. Com o amadurecimento do relacionamento vamos ficando mais racionais, conseguimos ver o outro sem “a máscara da paixão”, e este amadurecimento também traz mais responsabilidade, traz a rotina e se não cuidarmos do nosso desejo ele pode ir diminuindo.
É possível estimular este desejo com nossas fantasias, conversando mais com nosso(a) parceiro(a) sobre nossa sexualidade e sobre as coisas que gostamos, trocando mensagens “picantes”… Cuidar do nosso desejo é o primeiro passo que podemos dar para ter uma sexualidade mais ativa e satisfatória.
2. Excitação
A excitação é a resposta física, são alterações que acontecem no nosso corpo nos preparando para o acto sexual.
Nas mulheres os vasos sanguíneos que compõem os genitais dilatam e permitem um maior fluxo de sangue para essa região, duas glândulas que se preparam para lubrificar a vagina, o canal vaginal aumenta de volume e as paredes se tornam mais finas, o volume das mamas aumenta, o tamanho do clítoris também, o útero amplia e eleva-se 2,4 centímetros para permitir à vagina ter mais espaço para acomodar o pénis, a acidez da vagina diminui ligeiramente para não comprometer a saúde dos espermatozóides.
Nos homens os vasos sanguíneos dilatam e o sangue começa a fluir mais rapidamente para o pénis e sua pele do pénis fica mais fina, promovendo a ereção; os testículos e a glande podem aumentar de tamanho.
3. Prazer/Orgasmo
O prazer é a sensação agradável que a sexualidade nos proporciona, na verdade o prazer é um dos principais alimentos da nossa sexualidade e da nossa vida. Quanto mais prazer sentimos mais queremos repetir a experiência.
O prazer é bastante pessoal e está muito ligado aos nossos costumes e à nossa criação, tem coisas que podem ser extremamente prazerosas para umas pessoas e causar estranheza, e até mesmo repulsa, para outras. Por isso o diálogo aqui também é muito importante, a confiança no(a) parceiro(a) nos permite falar mais abertamente sobre o que gostamos, o que não gostamos e o que estamos dispostos a experimentar.
O orgasmo é o pico desse prazer. Nos homens geralmente é acompanhado da ejaculação (alguns homens não terão ejaculação, este é o caso dos homens que fizeram a prostatectomia). A ejaculação nas mulheres ainda é um tema que está sendo estudado; O que sabemos é que na maioria das vezes o orgasmo da mulher não está associado à ejaculação, e, mesmo que haja uma ejaculação, não será em jato como é mostrado nos filmes pornográficos.
Outro ponto importante sobre o orgasmo é que ele não aparece mais no ciclo da resposta sexual de Bason, pois embora o orgasmo seja fantástico é possível ter uma relação sexual muito prazerosa sem ter orgasmo.
Problemas relacionados com a sexualidade:
A sexualidade tem fatores físicos, emocionais e fisiológicos. Problemas no relacionamento, depressão, ansiedade, lesões musculares e nervosas, disfunções hormonais, outras condições como diabetes, problemas na tiróide, prostatectomia, amamentação, episiotomia, menopausa… podem ser causa das disfunções do desejo, da excitação, do prazer/orgasmo ou da dor.
Dor no ato sexual não é normal!
Algumas vezes as relações sexuais podem provocar dor, fazendo que estas experiências sejam desagradáveis. Nas mulheres estas dores podem acontecer pela falta de relaxamento dos músculos do períneo na hora da penetração, pela falta de lubrificação (que pode ser causada pela menopausa e pela amamentação), pela dor na cicatriz da episiotomia (corte que pode ser feito na hora do parto), a cicatriz da cesariana também pode ser um motivo para esta dor.
Em alguns casos a mulher tem uma condição chamada vaginismo; Nesses casos ela não permite a introdução de nada no seu canal vaginal, muitas vezes nem absorventes internos (tampão) elas conseguem colocar. Com a ajuda de uma equipa interdisciplinar, podemos encontrar a causa desse problema e proporcionar um tratamento adequado, eficaz e satisfatório para que você possa desfrutar a sua sexualidade.