A minha filha fez 21 anos. Antigamente esta era a idade em que se atingia a maioridade. Na verdade, sinto que ela não precisou de completar os 21 anos para mostrar que é uma mulher. Amadureceu cedo. Cresceu rápido. Mostrou a natureza e a fibra de que é feita.
Desde pequenina que mostrou um grande sentido de justiça.
Era incapaz de ficar calada quando via alguém não ser bem tratado ou ser incorrecto com outro colega. Ficava muito magoada quando as pessoas eram tratadas de maneira diferente pela sua condição económica ou pelas suas capacidades ou incapacidades. E, por isso, na escola, algumas vezes, foi preciso ajudá-la a perceber que tinha de gerir a sua vontade de fazer justiça de uma maneira mais tranquila. Percebo que estes valores lhe vêm do pai e da mãe, e, por isso, sempre compreendi que lhe fosse difícil lidar com injustiças e com pessoas que mostravam falta de sensibilidade para as situações.
A Beatriz cresceu com vontade de abraçar o mundo.
Desperta para as pessoas, para a importância das pessoas e isso é qualquer coisa que tem um valor imenso.
É também uma pessoa que amadureceu rápido pelos desafios que a vida lhe foi colocando, mas ela transformou essas adversidades em resiliência e força. Por isso, é uma miúda, e digo miúda porque será sempre a minha princesa e a minha menina, extremamente forte e capaz.
Tenho uma grande admiração pela minha filha. Tenho um profundo orgulho nela.
Agora que completou 21 anos, além de ser uma mulher muito bonita, é tão ou mais bonita interiormente porque tem um coração bonito, justo e feito de gestos de amor, que eu considero extremamente valiosos.
É uma pessoa muito desligada das questões materiais e muito focada em fazer os outros felizes e isso é qualquer coisa que me enche a alma de alegria.
Hoje é dia de balanço. De olhar para trás e de olhar para este caminho feito pelas duas.
De ter noção de todas as vezes que caímos juntas e nos levantámos, que ela caiu e eu a ajudei a levantar, e que eu caí e ela me ajudou a levantar. É tempo de olhar para este caminho e perceber que em todos os momentos nunca largámos a mão uma da outra. E, por maior que fosse a tempestade que assolasse as nossas vidas, as nossas mãos nunca se separaram. Assim como nunca esmoreceu a certeza de que ficaremos sempre unidas porque o amor que nos une é indescritível, incomensurável e incondicional.
Parabéns minha querida filha. Amo-te muito.
Nota: Fotografia por Verónica Silva