A magia de contemplar a natureza

Fátima Lopes // Agosto 25, 2020
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Procuro todos os momentos que posso para estar em contacto com a natureza. Pode ser na praia, em alturas em que já não há ninguém e em que posso simplesmente ouvir o som do mar, o som do vento, quando ele existe, e todos aqueles sons que só a quietude permite ouvir. Quando consigo também gosto de ir para o campo, para zonas onde existam árvores, onde exista natureza intensa porque isso permite-me entrar mais facilmente em contacto comigo. 

Um contacto diferente com a natureza.

Muito recentemente visitei a minha irmã que vive no Minho, numa zona muito bonita de Portugal. Aliás, o nosso País tem tantas zonas bonitas que valem a pena visitar que talvez a maior dificuldade seja escolher uma. A experiência que tive nos dois dias que tive com a minha irmã foi de um contacto diferente com a natureza.

A minha irmã trabalha na produção e comercialização de plantas e entrar no mundo dela fascina-me.

Tive a oportunidade de entrar num mundo que para mim começa nos vasos, na escolha da terra e dos fertilizantes, na escolha de cada espécie de planta de acordo com a estação do ano em que nos encontramos. Digo para mim porque para a minha irmã deve começar em mil outras decisões bem anteriores às que vejo. Não pude deixar de reparar na maneira como ela olha para cada um daqueles vasos, sendo que são milhares, porque na verdade são todos diferentes. Tal como nós, pessoas, que somos aos biliões, mas somos todos diferentes. Não há duas pessoas iguais, como não há duas plantas iguais. Não há duas pessoas que cresçam exactamente da mesma maneira, como não há duas plantas que cresçam da mesma maneira. Há sempre uma vírgula, um pormenor que faz com que duas histórias não sejam iguais, tal como há sempre uma folha, uma pétala que faz com que duas plantas sejam diferentes.

O estar em contacto com aquele mar de plantas, aquele mar de vasos, onde muita vida cresce, muita vida se multiplica fez-me um bem incrível.

Percebi que a minha irmã é uma pessoa muitíssimo afortunada pelo facto do seu trabalho ajudar a vida a nascer, ajudar a que aquelas plantas cresçam bonitas e saudáveis para levar sensações maravilhosas às casas, aos quintais e aos jardins de quem as comprar. Foi como se ao olhar para aquele mar de plantas eu percebesse o quanto estes momentos de paragem para simplesmente contemplar, são importantes. Nós temos de nos permitir isso. Isso é o viver aqui e agora. É parar e contemplar. Não é preciso pensar nada, não é preciso ir à procura de grandes reflexões. 

É apenas parar e contemplar.

E na verdade as reflexões vêm sozinhas, assim como as tomadas de consciência. Só porque nós nos permitimos parar e contemplar. E quando contemplamos algo da natureza há uma imensidão de sensações positivas que nos invade e isso é qualquer coisa de extraordinário

Este está a ser um Verão atípico para todos nós. Muitas das famílias que viajavam para fora do país não o estão a fazer. Muitas famílias que costumavam tirar uns dias de férias não estão a ir para lado nenhum, estão a ficar em casa. Outras famílias nem férias vão tirar devido a esta pandemia ter alterado, e tanto, a vida de tantas pessoas. Mas há uma coisa que não podemos deixar que aconteça… Que estes desafios que o universo está a colocar a todos nesta altura nos bloqueiem a capacidade de contemplar e a capacidade de valorizar o belo. O deslumbramento quando olhamos a natureza é tão sagrado quanto a própria natureza. Há que preservar a magia de poder desfrutar destes momentos em que apenas nos permitimos parar e contemplar.

Nota: Fotografia por Frederico Martins

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