A magia da rádio é eterna!

Fátima Lopes // Fevereiro 13, 2021
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Rádio
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Esta é a primeira vez que decido escrever sobre a minha ligação com a rádio. Tenho uma profunda paixão e, ao mesmo tempo curiosidade, relativamente à rádio.

Era ainda estudante quando trabalhei para uma rádio como freelancer. Com o locutor que estivesse em antena de manhã, fazia uma conversa sobre as estreias das peças de teatro. E isto porque, durante alguns anos, escrevi sobre teatro para o jornal “Diário Popular”. 

Sempre me fascinou o trabalho da rádio.

Lembro-me, perfeitamente, de ficar fascinada com o trabalho na rádio. Achava que era uma forma diferente de chegar às pessoas. Mas esta consciência só acontece quando já estudava comunicação. Quando puxo pelas minhas memórias, as primeiras que encontro relacionadas com a rádio, remontam aos anos em que vivi em Moçambique. 

Entre 1977 e 1980, na minha casa, em Moçambique, não havia televisão. Apenas tínhamos um rádio e com duas frequências. Lembro-me que a minha mãe ligava muitas vezes o rádio apenas para lhe fazer companhia. Não prestava muita atenção ao que era dito ou às músicas que tocavam, mas era na rádio que encontrava companhia visto que ali tinha poucas amizades e passava bastante tempo sozinha.

A mim fascinavam-me as músicas. Eu chegava a casa, vinda da rua onde brincava com os meus amigos, e se na rádio estivessem pessoas a falar, não lhe prestava atenção. O mesmo não acontecia quando tocavam as músicas africanas. Muitas delas eram cantadas em criolo e, portanto, eu nem sequer entendia o que estava a ser dito. Entendia a energia e a vibração daquele som e isso bastava-me. Dancei muitas vezes ao som dos tambores e batuques dos ritmos africanos que chegavam através da rádio. 

Uma companhia que regressou connosco a Portugal

Esse rádio veio connosco para Portugal e durante muitos anos esteve na mesa da cozinha, onde eu almoçava todos os dias. Era esse mesmo rádio que eu ligava, desta vez, para me fazer companhia a mim. Os meus pais trabalhavam em Lisboa, eu vivia no Barreiro, tinha horários desfasados da minha irmã e, por isso, almoçávamos em horários diferentes. Então, era esse rádio que eu ligava para me fazer companhia enquanto eu almoçava. 

Lembra-se dos “Parodiantes de Lisboa”?

Lembro-me, perfeitamente, dos “Parodiantes de Lisboa”, que eu tanto gostava de ouvir. Gostava daquelas vozes tão diferenciadas, do humor, da energia das pessoas envolvidas. Sentia uma energia de colectivo, de grupo intrusado. 

E de “Quando o telefone toca”?

Noutros horários ouvia obrigatoriamente o mítico programa, “Quando o telefone toca”! Gostava de ouvir os discos pedidos das pessoas. Sempre tive muita vontade de telefonar também, mas nunca dei esse passo. Ficava sempre à espera que os outros escolhessem aquilo que eu queria ouvir. E achava muita piada a esta coisa do ouvinte ter o poder de escolher o que é que tocava na rádio. Era uma sensação boa, de pertença, de comunhão. 

Ouvir o top para mim era obrigatório! 

Um pouquinho mais crescida, talvez nos meus 14 anos, tenho bem presente ouvir a rádio não só pelas músicas, mas também pelos tops. Eu queria sempre saber quais eram as músicas que estavam no top e sabia-as todas de cor. 

A rádio era a minha companhia durante muitas horas. 

Quando não estava a estudar, muitas vezes nem era a televisão que eu ligava, era a rádio. Enquanto estava a fazer as minhas coisas pela casa, gostava da companhia da rádio, de pôr a música muito alta quando tocavam as minhas músicas de eleição. 

A inesquecível “Febre de Sábado de Manhã”

Dos profissionais que trabalhavam na rádio, aquele de quem tenho memórias mais cedo é do meu querido Júlio Isidro, a fazer a sua “Febre de Sábado de Manhã”. Foi, desde o início, a pessoa que ouvi com mais paixão. E mesmo quando o seu convidado, à partida não interessava a uma miúda como eu, ouvia na mesma o programa por causa do Júlio. 

A rádio está mais viva do que nunca.

Fiquei sempre com este fascínio pela rádio e com a certeza de que é eterna. No passado tantas vezes se disse que a rádio ia acabar por causa da televisão, ou por causa doutra coisa qualquer. Mas os tempos provaram que está mais viva do que nunca. 

A magia da rádio é eterna!

A rádio é mesmo fundamental nas nossas vidas. É uma companhia permanente em todos os horários, estejamos nós onde estivermos e hoje, com a facilidade da Internet, pode mesmo estar sempre connosco.

Por tudo isto, neste Dia Mundial da Rádio aqui fica a minha homenagem a todos os profissionais que nela trabalham com paixão, afinco, dedicação e um profundo respeito pelo ouvinte. Eu, enquanto ouvinte, digo: Obrigada.

Nota: Fotografias por Verónica Silva

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