Neste mês de Maio, muitos dos textos serão dedicados ao tema: Família. Não há um mês específico para a família, porque a família é importante sempre. Mas, gosto que nos detenhamos nas questões relacionadas com a família, por nem sempre ela ser valorizada da forma que merece.
Há famílias e famílias. Há pessoas e pessoas.
Quase toda a gente tem na família pessoas que nem sempre têm os mesmos valores que nós, ou pessoas que fazem escolhas que temos muita dificuldade em aceitar. E, isso é normal, pois as famílias são feitas de pessoas muito diferentes, com personalidades e vivências distintas. Logo, é natural que exista, pelo menos, uma pessoa que tenha seguido caminhos que não entendemos, não compreendemos ou não aceitamos. Tudo isso é normal.
A verdade é que a forma como a vida dá as suas curvas e contracurvas, nem sempre permite que se mantenham relações fortes com toda a família alargada. Às vezes conseguimos com este ou aquele tio, com estes ou aqueles primos, mas nem sempre conseguimos com todos. Ou seja, não é fácil manter relações bem alimentadas e acompanhadas com todos os elementos da família.
Nem sempre é fácil manter relações de proximidade com todos os familiares.
Também acontece muitas vezes as famílias terem pessoas que, por razões várias, tiveram de emigrar para uma zona distante, ou trabalham com horários muito diferentes da maior parte das pessoas. São essas realidades tão distantes que fazem com que seja ainda mais desafiante cultivar uma relação de proximidade. Mas, a vida é mesmo assim.
Quando ouço conversas sobre este tema, apercebo-me algumas vezes que as pessoas se debatem com algum peso de consciência por não conseguirem alimentar todas as suas relações familiares. É preciso aceitar que isso nem sempre é possível.
Amigos que são família.
Às vezes, vivemos longe da nossa família biológica porque assim aconteceu e acabamos por criar outras famílias que são também a nossa família. São aqueles que nós escolhemos e abraçamos enquanto família. São aqueles amigos super especiais com quem os nossos filhos criam relações de tios, de primos. São aqueles amigos que sentimos como irmãos.
Esses também são família.
São a família que nós escolhemos. São a família que nós tivemos a oportunidade de selecionar, de estudar e de perceber se fazia sentido estarem no nosso universo ou não. E, hoje em dia, tenho a sensação que essas famílias, começam a ganhar cada vez mais peso. Exactamente porque a vida dá tantas e tantas voltas, que aquilo que antes era normal, ou seja, as famílias viverem próximas umas das outras, atualmente já não acontece com tanta facilidade. É como se o mundo se tivesse tornado maior, como se as estradas fossem mais fáceis de percorrer, como se as pessoas tivessem maior facilidade em concretizar os seus sonhos e, às vezes, os seus sonhos passam por viver em locais muito distantes, em realidades muito diferentes. Logo, nós tivemos de aprender a criar estas outras famílias que têm um papel importantíssimo na nossa vida.
São a família que nós escolhemos.
Para além da minha família biológica, eu tenho uma família de amigos que é extremamente valiosa. Sem eles a minha vida seria seguramente triste porque são pessoas que ocupam papéis muito importantes. Os meus filhos têm mais tios por causa destes amigos e têm mais primos por causa destes amigos. E eu tenho mais irmãos para além da minha irmã biológica. E tudo isto tem um valor incalculável na minha vida.
Tudo isto é muito valioso.
Vale a pena olhar para estas famílias que nós escolhemos com especial carinho, até porque, por os termos escolhido, muitas vezes eles entendem-nos melhor, compreendem-nos melhor e às vezes até chegam mais depressa junto de nós. Por isso que este seja um mês de homenagem às famílias.
Este é um mês de homenagem às famílias.
Àquelas onde nós nascemos e que são as nossas de coração. Àquelas que nós escolhemos e que também são nossas e de coração.
Nota: Fotografia por Verónica Silva