A disfunção eréctil

José Santos // Fevereiro 6, 2017
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A sexualidade ainda é um tema pouco falado, mas é uma parte importante e fundamental da nossa saúde e da nossa vida. A questão da sexualidade ainda fica muitas vezes fora da conversa habitual num consultório médico, exceto quando existe de facto um problema ou doença, como é o caso do HIV ou outras doenças sexualmente transmissíveis. Mesmo os médicos, ainda têm alguma vergonha de abordar o tema. Isto, a juntar ao habitual pouco tempo para cada doente, faz com que optem por abordar outros temas que consideram mais importantes. De facto, esta é uma faceta da vida pessoal de cada um que precisa de ser abordada com a naturalidade com que falamos sobre a parte digestiva ou outra qualquer. As disfunções e dificuldades sexuais são comuns. Há estudos que apontam para que mais de metade das pessoas tenha algum tipo de problema. Homens e mulheres sofrem de forma diferente e muitas vezes querem que os médicos lhes perguntem, para depois poderem colocar as suas dúvidas e problemas.

Uma dificuldade no campo sexual, é muitas vezes um sintoma de uma outra doença, como é o caso da ansiedade crónica, depressão, entre outras, e pode ser causada pela própria medicação para tratar estas patologias.

A disfunção erétil (DE) é um dos problemas sexuais mais comuns nos homens. Este problema aumenta com a idade, mas afeta no mínimo um terço dos homens pelo menos uma vez na vida. Estes homens têm uma incapacidade transitória ou permanente de conseguir uma ereção que permita uma relação sexual satisfatória. Este problema tem um impacto negativo muito significativo na vida pessoal e do casal e, muitas vezes, é causado por problemas psicológicos, como a baixa auto estima ou a ansiedade. Existem causas físicas de DE e nesses casos até podem levar a suspeitar de doenças cardíacas, vasculares, hormonais ou outras. Deverá sempre procurar ajuda de um médico para fazer o correto diagnóstico da causa da disfunção erétil. Não são necessários exames muito complicados na avaliação inicial. Habitualmente o exame e questionário do médico são suficientes para despistar a maioria dos problemas e recomendar o tratamento correto. Poderão existir alterações hormonais, reações a medicamentos ou ser uma manifestação de descompensação de doenças como a hipertensão arterial, a Diabetes ou problemas vasculares causados pelo tabaco, obesidade e uma vida excessivamente sedentária. Tal como em outras manifestações de ansiedade, a disfunção erétil de causa psicológica beneficia muito de acompanhamento e tratamento chamado “cognitivo comportamental”. São recomendados determinados comportamentos e atividades que o casal deve fazer em conjunto, de maneira a recuperar a confiança e a intimidade que permitam um relaxamento e consequentemente uma relação sexual livre de pressões (que muitas vezes existem apenas na cabeça do próprio homem). É comum homens que estiveram muitos anos numa relação estável, ao mudarem de parceira depois de um divórcio, por exemplo, terem dificuldades iniciais. Muitas vezes ficam excessivamente preocupados com a possibilidade de “falhar” e a dificuldade aparece. Nestas situações devem procurar aconselhamento junto do médico assistente e é essencial que exista uma conversa honesta sobre o assunto. Acontece com frequência, após estas dificuldades serem ultrapassadas, a ligação do casal ficar reforçada. Pelo contrário, quando são negadas originam muito sofrimento de parte a parte – ambos se culpam –, um porque acha que “falhou” e já não é tão homem e o outro porque se pode considerar sexualmente pouco atrativo. Nesta fase a ajuda de um profissional treinado pode ser fundamental para desmontar estes mitos que se instalam e “minam” a relação.

Existe uma relação positiva entre uma normal e satisfatória vida sexual e a sensação de felicidade. Uma pessoa que se sinta sexualmente mais realizada é provavelmente uma pessoa mais feliz e, dizem muitos estudos, que essa realização está associada a uma maior longevidade (viver mais e mais tempo).

No próximo falaremos especificamente sobre a sexualidade no feminino.

Saúde para todos,

José Fernando Santos
josefsantos@docnurse.pt

 

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