Este ano voou e quando estava a decorar a casa para o Natal, perguntava-me como é que já era Natal de novo. É a época do ano que mais gosto e desejava que cada minuto passasse muito devagar para poder desfrutar de todos os instantes.
Recuso-me a viver esta época em correria por causa dos presentes. Há muito que pus fim à ditadura do consumismo.
Faço atempadamente uma lista daquilo que vou dar aos filhos, sobrinhos e afilhados. Os meus pais são a excepção na decisão de não dar nada aos adultos.
No início de Novembro começo as compras e, como são poucas, concluo-as rapidamente. Depois já posso demorar o tempo que me apetecer na decoração e preparação da casa para receber a família.
Gosto de receber a família em minha casa e cozinhar para eles.
A ementa do dia 25 é outro dos preparativos a que dedico muito tempo. Nesse dia há muitas mãos na cozinha e cada um dedica-se à sua especialidade. No dia 24 já eu e a minha irmã fizemos os tradicionais coscorões, a minha mãe os sonhos de cenoura e o meu pai as velhozes de abóbora. São tradições que se mantêm há anos e que ninguém tem vontade de mudar.
O que mais alegria me dá é chegar perto do Natal e ver que tenho aqueles que amo perto de mim.
Todos os anos agradeço a bênção de os ter. A alegria da mesa continuar preenchida com as mesmas pessoas e manter as habituais conversas animadas.
Este ano foi muito desafiante a nível familiar. O meu pai deu uma enorme queda em Fevereiro e fez tripla fratura. Foi operado, uma cirurgia delicada e iniciou o seu processo de recuperação. Vê-lo numa cama e numa cadeira de rodas, muito dependente de nós, mexeu muito comigo. Graças a Deus teve profissionais de excelência a acompanhá-lo, a melhor enfermeira do mundo – a minha querida e incansável mãe – e uma força de vontade impressionante.
Nunca vi uma pessoa com mais de 80 anos tão focada na sua recuperação. Fazia sempre muito mais repetições do que aquelas que os fisioterapeutas recomendavam. Levava todas as indicações que lhe eram dadas, à risca. Passou da cadeira de rodas para o andarilho. Do andarilho para as muletas e hoje caminha em casa sem precisar de nenhum apoio. Na rua lá pega numa muleta só para estar mais seguro. Aprendeu tantos exercícios que agora começa o dia com uma hora e meia de caminhada e fortalecimento muscular. Fá-lo sozinho, com empenho e disciplina. Hoje caminha melhor do que antes de cair. Está mais forte, o que é notável.
Penso no meu pai como um exemplo de força, resiliência e determinação. Penso na minha mãe como um exemplo de amor incondicional e capacidade de se dar ao outro a 100%, pela felicidade de o ver bem.
Este Natal quero apenas saúde e luz, porque a vida já me mostrou que isso é o suficiente, para que o meu Natal seja abençoado e feliz.
Votos de um Bom Natal para todos.