Todos os casais se relacionam através de uma dança própria e específica. Às vezes essa dança liga-os e aproxima-os, outras vezes afasta-os e separa-os. E é impressionante como isso às vezes muda tão rapidamente e toca tão intensa e profundamente o casal.
Mas, afinal o que muda?
O que muda é a música que pauta essa dança de intimidade no casal. E a música são as emoções que se movem dentro de cada um dos elementos do casal e entre o casal.
Quando o casal consegue aceder, identificar, organizar e expressar as suas emoções e consequentemente, comunicar as suas necessidades emocionais de forma vulnerável, a música é escutada e a dança sintonizada. O casal sente-se seguro e a conexão fortalece-se. Contudo, muitas vezes essa música não é escutada e a crítica e o ataque aparecem, a zanga instala-se, os silêncios surgem e o casal “pisa-se” nessa dança que os afasta cada vez mais e que os leva, por vezes, a dançar sozinhos. O casal fica preso nesta dança ou “não dança” e é muito difícil voltar, sozinho, a sintonizar-se.
Quando o casal fica preso numa dança dessintonizada as discussões iniciam-se e o casal angustiado, ao tentar conectar-se, fica então preso a sequências negativas de interação onde expressam emoções secundárias.
As emoções secundárias são as emoções mais relativas, como a raiva, o ressentimento, a frustração. E estas manifestam-se como reação às emoções primárias, que são mais vulneráveis e profundas, como, por exemplo, a tristeza e o medo. Ou seja, muitas vezes, o casal está a sentir-se com medo ou a sentir-se triste, contudo o que expressa é a zanga, a crítica, a acusação ou mesmo o evitamento, isolando-se.
Presos neste ciclo negativo, o casal vai-se afastando cada vez mais, com mais medo, mais tristeza, mais frustração e consequentemente, mais insegurança. E sem ajuda, é muito difícil sair desse ciclo e voltar a conectar-se.
Comunicar as emoções mais vulneráveis e profundas é uma aprendizagem do casal, que muitas vezes acha que sabe e que é fácil, mas que na prática é muito desafiante, principalmente em momentos onde a sua dança volta a dessintonizar-se.
Quando o casal fica preso num ciclo negativo, onde as emoções primárias, mais profundas e vulneráveis não são acedidas e comunicadas, o casal fica “refém” em 3 principais padrões básicos de comunicação, que os leva a “espirais negativas” cada vez mais difíceis de ultrapassar e que acabam por destruir a relação de casal.
1.º “Tu…” ↔ “E tu…”
Este é aquele padrão em que ambos se culpabilizam mutuamente, que atacam e contra-atacam, magoando-se e afastando-se cada vez mais.
2.º “Tu… tu… tu….” Vs. Silêncio ou ausência
Este padrão instala-se quando um dos elementos do casal nos diz que o outro não fala, não comunica e que isso o faz sentir desvalorizado ou sozinho. E quanto mais a pessoa se sente sozinha ou desvalorizada, mais ela protesta, mais ela grita, mais ela se zanga e critica o outro. E quanto mais isto acontece, mais o outro evita e se fecha, sentindo-se criticado e frustrado, por muitas vezes não saber mais o que fazer.
3.º Silêncio Vs. Silêncio
Este padrão começa a surgir, quando os elementos do casal começam a desistir e a já não falar, a não expressar as suas necessidades e emoções e a congelá-las. “Eu já desisti de falar.” A desistência, o silêncio, a apatia e o distanciamento instalam-se na relação do casal.
Todos os padrões tornam-se muito dolorosos para o casal e são um perigo para a sua relação, pois o resultado é o afastamento e a possibilidade de separação.
No entanto, o que posso dizer é que ainda pode haver esperança na relação e com ajuda o casal pode ultrapassar este padrão, voltando-se a ligar.
Não percas a esperança, porque onde há Amor há Esperança. Pede ajuda.