A cosmética natural está definitivamente na moda, ninguém tem dúvidas que as pessoas estão a tornar-se mais conscientes nas suas opções e isso inclui a grande quantidade de produtos de higiene e cosméticos que usamos diariamente.
Mas, afinal o que significa cosmética natural exatamente?
Muito pouco ou quase nada… A cosmética natural pode ser qualquer uma que contenha alguns ingredientes provenientes da natureza, como, por exemplo, extrato de cenoura ou azeite, mas que depois podem conter ingredientes químicos, sintéticos, conservantes e até derivados do petróleo. Por isso apareceram algumas associações independentes que tentam ajudar na seleção de produtos, na listagem de marcas e no reporte aos seus ingredientes. A EWG (Enviromental Working Group) é talvez a mais conhecida, apesar de ser americana e de poucos produtos europeus serem por eles analisados, mas é e sempre será uma referência e uma ajuda.
É mesmo natural ou nem por isso…?
O mercado está cheio do chamado “green-washing”, ou seja, marcas que querem fazer-se passar-se por naturais e tem pouco de natural. Porque querem as grandes marcas e até as pequenas marcas artesanais fazerem-se passar por naturais? Porque agora as pessoas querem opções mais ecológicas, mais saudáveis, com menos impacto ambiental nas pessoas, nos animais e no planeta.
E, porque se querem mesmo ser naturais não fazem produtos sem ingredientes sintéticos? Porque é mais difícil e mais dispendioso. São produtos que não existem todo o ano, vêm produções biológicas agrícolas, acabam, têm preços diferentes todos os anos, não são sempre iguais e, por isso, é sempre mais difícil de trabalhar, têm validades mais curtas, exigem mais cuidado a manusear e a armazenar, são mais caras. Por isso, atualmente temos mesmo de conhecer bem uma marca para poder confiar nela.
Podemos confiar nas marcas?
É na procura de transparência que surgem as certificações de cosmética biológica, esta sim, a verdadeira cosmética natural e que, ao contrário da agricultura biológica que está definida na lei, foi criada por organismos independentes, com nomes e regras diferentes nos diversos países do mundo, dificultando a percepção pelo público. Nomeio aqui algumas, provavelmente as mais conhecidas: Ecocert (França), Soil Association (Reino Unido), Cosmos (união de vários países), BDIH (Alemanha), USDA (USA), Natrue (vários países Europeus).
Quando aprofundamos um pouco a informação destas associações, conseguimos perceber que apesar das diferenças o que as une são as semelhanças: todas têm uma lista de ingredientes proibidos – como parabenos, ftalatos, laureth sulfatos de sódio e similares, silicones, óleos minerais (derivados do petróleo), vaselina e parafina – outros derivados do petróleo, glicerina não vegetal, alumínio, entre outros produtos sintéticos suspeitos de não serem completamente inofensivos a longo prazo. Mas, também existem regras ambientais restritas, com a limpeza das instalações fabris e os produtos e processos utilizados, com as embalagens, tintas, materiais, com os animais e a proibirem os testes em animais no produto acabado, mas também nas matérias-primas. De forma sucinta estas associações permitem que as marcas usem o seu símbolo em troca de as marcas cumprirem as suas regras ecológicas e permitem uma auditoria às suas instalações.
Mas, afinal como posso saber que um cosmético é mesmo natural?
Infelizmente e, por enquanto, não é uma tarefa fácil. Mas, podemos trabalhar a confiança e com algumas regras simples ter produtos verdadeiramente naturais em casa. Estes são para mim os 5 passos mais importantes ao escolher um cosmético:
- Não mande tudo fora, seria muito pouco ecológico! Cada produto que acaba pense em alternativas, visite lojas, pesquise e escolha um substituto de uma marca que lhe dê confiança. Passo a passo vai ser mais fácil e mais confortável para si.
- Comece por procurar cosmética biológica certificada por uma destas organizações referenciadas acima, vai ser um óptimo começo. Não compre produtos que se certificam a eles próprios, se uma marca tem uma certificação que mais nenhuma outra têm desconfie. As certificações são válidas para muitas marcas diferentes.
- Leia os rótulos, reconheça os maiores inimigos da cosmética natural e comece por evitar produtos que os contenham.
- Não compre marcas que produzam produtos não naturais, nunca se consegue estar dos dois lados, ser Grego e Troiano. Escolha marcas que assumam o natural, o ecológico como o seu modo de vida. Assim sabe que estarão sempre a lutar por esse lado e com os valores alinhados com essa filosofia.
- Procure especialistas, faça perguntas, experimente e veja o que para si vai funcionar e fazer sentido. Queremos sempre o creme milagroso que funciona para a pessoa X, mas somos todos diferentes e, por isso, não existe o melhor produto do mundo, existem,sim, as melhores rotinas adequadas a cada indivíduo.
Pode, ainda, ver mais dicas neste artigo muito útil.
E, não se esqueça de que independentemente da sua escolha, o importante é que seja consciente, que seja fruto da sua escolha e reflita aquilo que para si é importante. Cada compra é um voto que damos ao mundo que queremos ver. Use isso escolhendo o que para si é importante e a faz sentir bem.