Esta parece ser a história dos nossos Bombeiros.
Ou isso, ou temos todos um grave problema de memória pois, este ciclo repete-se há anos: Heróis de Verão e quase “invisíveis” no resto do ano.
Desmultiplicamo-nos em manobras de solidariedade (e de uma forma comoventemente humana) em época de crise mas, tão rapidamente como nos mobilizamos também nos desmobilizamos, passada a época de “rescaldo”.
A repetição infindável destes ciclos, apenas tem evidenciado uma coisa: não estamos, de facto, a aprender nada com o processo – e, com isso, pagamos uma “fatura” demasiado elevada: com a Vida.
Há um ano tivemos o maior incidente de sempre com veículos, em termos mundiais, quando mais de 400 veículos arderam no Festival “Andanças” e, já nesta altura, e como algumas testemunhas relataram, a catástrofe não foi maior porque o vento assim não o quis (por outras palavras, dirigiu o fogo para o estacionamento e não para o recinto do festival, onde já se encontravam muitas pessoas).
Tivemos também, a maior catástrofe na Ilha da Madeira, com a cidade do Funchal a ser flagelada por igual incidente.
Este fim de semana, entrámos novamente nos palcos das maiores catástrofes mundiais, pelas piores razões possíveis – o cenário dantesco de Pedrógão, onde mais de meia centena de pessoas perdeu a vida em condições atrozes e onde, uma vez mais, e da forma abnegada de sempre, avançou para a linha da frente a figura dos Bombeiros.
E, tal como um ciclo, os comportamentos que se assistem são os mesmos: movimentos de solidariedade imediata, aproveitamento da crise para fins pouco claros, discussão e ataques políticos com resultados muito pouco consequentes.
E o resto, o que temos feito?
De facto, para cada um de nós, impõe-se uma reflexão urgente:
Deixarmo-nos de nos preocupar com o comportamento dos outros (vizinhos, entidades e afins) e DIRIGIRMOS A ATENÇÃO PARA o que CONTROLAMOS VERDADEIRAMENTE:
O NOSSO COMPORTAMENTO
Portugal, em contexto de crise, demonstrou, já por diversas (demasiadas, infelizmente) vezes, possuir PROFISSIONAIS (Bombeiros, Militares, entre outros) que, SUPERANDO O PRÓPRIO MEDO e o receio de deixar em casa uma família “órfã”, ATUAM PERFORMANCES DE EXCELÊNCIA ATÉ À EXAUSTÃO na defesa da Vida e do património alheio.
Se calhar, está já na altura de devolver este compromisso, espelhando através do nosso comportamento, que somos, de facto, merecedores de tal dedicação.
O que podemos fazer? Como podemos atuar? Como podemos influenciar a comunidade local (seja o nosso prédio, a nossa rua ou a nossa freguesia…) para, de forma concertada e sustentada, apoiar de facto as pessoas que, sem qualquer juízo de valor, defendem o património e a vida de quem não é “seu”?
E, se há algo que Pedrogão nos ensina é a nossa “pequenez” (face ao imenso poder da natureza), a nossa impermanência (e fragilidade deste “sopro” que é a Vida) e da forma como DEVEMOS TODOS SER UM SÓ… NA CRISE MAS, TAMBÉM NA VIDA.
<u>Grandes catástrofes exigem grandes homenagens e estas, só poderão ser concretizadas através de AÇÕES.</u>
“Be the change that you wish to see in the world.”
― Mahatma Gandhi
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