Nos dias que correm, é impossível não estar a par da grande catástrofe provocada pelo plástico nos oceanos. Em Portugal e no mundo, são muitas as notícias, as estatísticas, cada vez mais histórias aterrorizadoras que nos chegam e facilmente detectáveis as consequências que este tipo de poluição dos oceanos tem no nosso planeta e espécies.
Quais as consequências do plástico nos oceanos?
Se até agora já sabíamos que muitas espécies são vítimas do plástico que nós utilizamos e descartamos – estima-se que cerca de 90% das aves marinhas do mundo tenham fragmentos de plástico no estômago – estudos recentes indicam que não são apenas as outras espécies que sofrem as consequências da poluição plástica.
Um estudo recente da WWF (World Wide Fund for Nature) diz-nos que cada pessoa está, neste momento, a ingerir 50.000 partículas de plástico por ano, o mesmo que o peso de um cartão de crédito todas as semanas.
Mais do que o emaranhamento e problemas físicos para as espécies, esta poluição plástica dos oceanos é também muito tóxica para os vários ecossistemas onde estes fragmentos se encontram, nos quais se incluem os nossos próprios corpos e saúde.
Para além das consequências na nossa economia, com o custo estimado do lixo marinho a rondar os 600 milhões de euros (segundo o Parlamento Europeu), estes comportamentos descartáveis têm também um impacto gigante na poluição atmosférica, aquecimento global e alterações climáticas – estima-se que, em emissões carbónicas, reciclar 1 milhão de toneladas de plástico equivale ao mesmo que retirar 1 milhão de carros da estrada.
Plástico nos Oceanos: O que posso fazer?
De todos os resíduos encontrados no mar, cerca de 80% são plásticos: 49% são plásticos descartáveis, 27% são resíduos de plástico de equipamentos de pesca e 6% referem-se a outros plásticos. E, apesar de já não conseguirmos dar a volta ao problema e retirar todo o plástico que depositámos nos oceanos durante os últimos 100 anos, é cada vez mais importante evitar que mais plásticos entrem nos nossos mares.
Não se trata apenas de saber reciclar e depositar os resíduos nos locais certos: neste momento é essencial ter uma atitude proactiva de reduzir, recusar e, em muitos casos, substituir.
Abaixo encontras 10 sugestões de substituição convenientes e acessíveis aos resíduos plásticos mais encontrados nos oceanos.
1. Garrafas de plástico e tampas
Segundo a União Europeia, este é o resíduo plástico mais encontrado no oceano – a “famosa” garrafa plástica. Contudo, tão ou mais famosas do que a garrafa descartável plástica são as suas alternativas reutilizáveis e ecológicas.
De fato, são poucas as vantagens de utilizar garrafas de plástico descartáveis – são mais caras, menos ecológicas e muito menos saudáveis (a água engarrafada contém, em média, 22 vezes mais microplásticos do que a água da torneira). Para responder a este problema são muitos os projetos e soluções que surgiram, apresentando várias opções de garrafas reutilizáveis nos mais diversos materiais, desde aço inoxidável a vidro (ou mesmo plástico seguro e resistente, uma das mais acessíveis do mercado).
2. Beatas de cigarro
O número 2 de resíduos plásticos mais encontrados nos oceanos são as beatas de cigarro – estimando-se que 7 mil beatas são lançadas ao chão por minuto, este facto não é em nada surpreendente. Contudo, o paradigma está prestes a mudar: pelo menos em Portugal, este tópico tem estado na ordem pública com muitas pessoas a mostrarem apoio à recente medida do governo de começar a multar quem deita beatas de cigarro no chão.
Se o plástico é preocupante por ser tóxico, as beatas de cigarro sobem na escala com mais de 4000 substâncias químicas e tóxicas que contaminam os vários ecossistemas e espécies com os quais contactam.
Se deixar de fumar pode ser complicado e o hábito da beata no chão ainda é dominante, opta por ter sempre contigo um cinzeiro portátil ecológico e evita, assim, que estes resíduos de plástico cheguem ao oceano.
3. Cotonetes de algodão
O terceiro resíduo mais encontrado nos nossos mares e oceanos são os cotonetes comuns, que, apesar de não serem recomendados pela comunidade médica ou a “comunidade ambiental”, são ainda muito utilizados por muitas pessoas. Estes são um resíduo que não chega ao mar pela forma comum (através do vento ou água em espaços públicos), mas, sim, através do número gigante de pessoas que ainda vê a sanita como um caixote do lixo conveniente – isto tem de mudar.
Para evitar os cotonetes de plásticos nos oceanos, tens sempre outras opções como cotonetes biodegradáveis de bambu, capazes de fazer a mesma função com muito menos impacto negativo.
Podes, ainda, aproveitar e substituir a tua escova de dentes! Apesar de não ser um dos plásticos mais encontrados nos mares, as escovas de dentes comuns acabam por ser um poluente desnecessário em aterro – são muitas as alternativas biodegradáveis disponíveis.
4. Pacotes de batatas fritas e embalagens de doces
Neste ponto, não há volta a dar. Apesar de muitas marcas já se começarem a preocupar em desenvolver embalagens mais amigas do ambiente, na sua maioria, uma transição completa ainda demorará vários anos. O que se pode fazer, neste momento, é recusar marcas e produtos com embalagens pouco responsáveis, dar preferência a embalagens mais sustentáveis ou produtos de empresas com responsabilidade pelos seus resíduos, e, se não for pedir muito, optar por alimentos mais saudáveis sempre que possível.
5. Produtos de higiene íntima
Ainda no tópico “a sanita não é um caixote do lixo” chega-nos o número 5 da nossa lista de resíduos plásticos mais encontrados nos oceanos. Neste ponto, a grande parte destes resíduos trata-se de tampões e pensos higiénicos.
Estima-se que uma mulher utilize em toda a sua vida cerca de 1,6 km de tampões higiénicos – se estes resíduos não forem pensados de forma responsável, os danos para o ambiente são enormes.
O certo é que as alternativas não plásticas existem e fazem-se cada vez mais presentes nas vidas de muitas mulheres (incluindo as portuguesas) com pensos higiénicos reutilizáveis e copos menstruais naturais a serem cada vez mais considerados como soluções.
Para além destes, também os pensos rápidos surgem como resíduos nos mares, apesar das alternativas bem interessantes que já se encontram disponíveis: como um penso rápido biodegradável com aloe vera ou com carvão ativado, por exemplo.
6. Sacos de plástico
O sexto resíduo plástico mais encontrado no oceano trata-se de um dos mais mediáticos: não podemos negar a forte campanha que as grandes superfícies adotaram nos últimos anos contra os sacos de plástico finos e os resultados de sucesso que essa ação teve na utilização destas opções descartáveis.
Enquanto o transporte de compras gerais já pode ser feito de várias formas, para compras de mercearia, frutas e legumes ainda são muitas as pessoas a ceder ao velho saco plástico descartável. Para combater este fenómeno, podes facilmente abraçar os sacos reutilizáveis, tanto sacos reutilizáveis em rede, para fruta ou legumes, como sacos reutilizáveis lisos para compras a granel ou padaria local – em algumas lojas a granel, podes mesmo utilizar velhos frascos que tenhas em casa.
7. Talheres, palhinhas e pequenas colheres
Estes resíduos plásticos, pelo seu peso leve, acabam por ser facilmente levados até ao oceano pelas condições climatéricas ou fatores externos. Apesar de estes se tratarem de alguns dos descartáveis mais desnecessários de sempre, as alternativas não se fazem tímidas e cada vez surgem mais em locais públicos e casas portuguesas.
No caso das palhinhas, se ainda achas que não as consegues deixar de parte ou precisas para situações específicas, são muitas as alternativas às plásticas, reutilizáveis feitas a partir de bambu ou aço inoxidável, e até palhinhas biodegradáveis e comestíveis. Tão biodegradável que até as podes comer? Claro! Muito para além das palhinhas, tens também pratos comestíveis e tigelas biodegradáveis.
8. Copos de bebida e respectivas tampas
Apesar desta última moda que fez com que muitos bares e eventos adotassem os copos reutilizáveis, ainda são muitos os locais que disponibilizam copos de plástico descartável aos seus clientes e colaboradores – no caso de empresas é ainda mais comum. Contudo, mudar esta ideia descartável está a tornar-se cada vez mais fácil.
Seja substituir os copos de água plásticos por uma garrafa reutilizável, seja substituir todos os outros copos descartáveis por um copo reutilizável e/ou garrafa térmica – que mais do que água lisa conseguem suportar café, chá ou outro tipo de bebida a qualquer temperatura.
Apesar dos reutilizáveis serem a solução, se há situações em que não consegues fazer essa mudança de forma fácil, opta por copos compostáveis e biodegradáveis, que garantem a mesma conveniência com muito menos impacto no ambiente.
9. Balões e varas de balão
São bonitos, divertidos e dão um ar de festa difíceis de recriar. Contudo, não são recicláveis e em muitos casos nem chegam a ver qualquer contentor. São simplesmente inúteis e desnecessários.
Sem eles vais deixar a festa morrer? Nada disso. Tenta fazer tu própria/o a decoração da tua festa ou opta por alternativas mais amigas do ambiente.
Portanto, da próxima vez que vires alguém a lançar um balão ao ar à procura de sorte, avisa que esse mesmo balão irá parar ao oceano e que o único efeito que terá é contribuir para o azar de todas as espécies do planeta terra.
10. Recipientes para alimentos, incluindo embalagens de comida rápida
São o último da nossa lista, mas não menos importantes. Com um tamanho considerável são mais difíceis de ir parar aos oceanos por fatores meteorológicos, contudo, lá estão eles.
Para evitar desperdiçar resíduos no takeaway, há muitas soluções práticas: para pequenos ingredientes, sandes e snacks, o BeeWrap é uma excelente opção reutilizável; para trazer refeições maiores, uma marmita reutilizável em aço pode tratar do assunto.
Para além do transporte, o BeeWrap também funciona como uma ótima alternativa para conservação de alimentos, substituindo as peliculas plásticas ou papel de alumínio (neste campo, tens também de conhecer o Stasher Bag, um saco de congelação reutilizável e multiusos capaz de revolucionar a tua cozinha durante muitos e muitos anos).
O que mais posso fazer?
Antes de fazeres as tuas substituições, olha para a tua rotina e pensa no que podes realmente recusar e deixar de utilizar – será que é assim tão diferente beber uma bebida diretamente pelo copo, sem precisar de uma palhinha?
Para além disso, é importante ter uma atitude proativa, inspirar outros a tomar medidas, denunciar e educar quem ainda não acordou para estes assuntos e fazer os possíveis por tornar a nossa vida (e a de quem nos rodeia) cada vez mais amiga do ambiente, digna, responsável e consciente.