Relações Amorosas

Fátima Lopes // Fevereiro 11, 2018
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Sempre fui uma pessoa que acreditou e acredita no amor. Nos meus tempos de adolescente, vibrava com os filmes românticos, onde quem se amava acabava sempre por ultrapassar ventos e marés, acabando por ficar juntos. Os romances enchiam os meus sonhos e transportavam-me para experiências onde eu registava de forma profunda aquilo que alguém era capaz de fazer pelo amor que sentia pelo outro. Assim fui crescendo e também eu fui vivendo as minhas experiências amorosas.

Nunca fui de paixão à primeira vista, nem de encantamento fácil. Dava trabalho conquistar-me e, talvez por isso, tive poucos namorados. Sempre fui exigente nos afectos, porque sentia que abrir o coração para deixar que alguém entrasse, era algo mágico. A idade adulta foi trazendo mil e uma aprendizagens. As coisas menos boas que fui vivendo, consegui integrá-las enquanto experiências necessárias para o meu crescimento e amadurecimento. As coisas boas reforçaram a minha crença de que o amor é, acima de tudo, um sentimento bonito, sorridente, alegre, mágico e que nos empurra para a frente. Isto não quer dizer que só nos traz emoções boas. Nada disso! O amor também traz dor, às vezes profunda, por não sermos correspondidos na forma como nos entregamos ou na forma como vivemos esse sentimento. Sofrer por amor dói muito. É como se o peito se rasgasse, o ar nos faltasse e só as lágrimas aliviassem a nossa dor. O amor não é algo estático que acontece e já está. Tem movimento e tem vida, que se altera a cada dia que passa.

Sou hoje, mais do que nunca, uma mulher plenamente convicta que o amor verdadeiro existe e pode ser duradouro. Não tem de ser para a vida toda. É preciso é que, enquanto existe, seja pleno, faça sentido e nos deixe os olhos a brilhar. Para isso é preciso que os dois queiram de verdade viver e construir algo juntos. Sem essa sintonia é impossível. Já diz o povo, “um não consegue o que dois não querem”. E, quando um dos elementos do casal progressivamente se desliga, chega a solidão acompanhada(o), que é um sentimento profundamente desgastante.

Amor e egoísmo não casam bem numa relação. Amar é estar disponível para o outro, é sentir prazer por o fazer feliz, é não cobrar. Há amores que duram uma vida inteira. Já tive a felicidade de entrevistar dezenas de casais, que com idades avançadas falam do seu amado ou amada, com orgulho, admiração, amor e muitas vezes, paixão. A vida continua a fazer-lhes sentido apenas com a presença do outro. Estes são aqueles que morrem por amor. Que quando um deles parte, muitas vezes não aguentam a dor e seguem-no pouco tempo depois. Nos dias de hoje, são casos raros.

Os casais estão diferentes, as relações amorosas também. Há muita coisa que mudou para melhor. A liberdade com que se pode viver numa relação a dois, a capacidade de afirmação da vontade própria perante o outro, a existência de uma imensidão de coisas que se podem fazer a dois, para alimentar a relação. Outras mudanças não foram assim tão positivas. Hoje em dia há uma impaciência generalizada e uma busca da perfeição em quase tudo. O quero eu dizer com isto? Que se tem muitas vezes um grau elevado de intolerância para com o outro, com as suas particularidades, as suas coisas únicas, que podem não ser melhores ou piores que as nossas. São simplesmente suas e tem direito a elas. Quando se inicia a relação as tais particularidades têm piada, mas com o passar do tempo, cansam e irritam até. O perigo está na hipervalorização de pequenas coisas que acabam por desencadear discussões muitas vezes injustificadas e que, uma atrás da outra, provocam desgaste e afastamento. Quando um amor se perdeu por fora, há muito morreu por dentro.

Eu prefiro centrar-me nas relações amorosas felizes. Perfeitas não, simplesmente porque não existem. E, todas as relações amorosas felizes passaram, passam ou passarão por crises e dores de crescimento, mas foi a vontade de continuarem juntos por um sentimento que permaneceu vivo, que os levou a investir em vez de desistir. Eu acredito que é possível viver uma relação amorosa longa e feliz, que tal como uma planta, é regada, tratada e mimada todos os dias,  de forma especial. E, essa planta só é o nosso amor se for única.

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