Os pneus do meu veículo pessoal

José Santos // Março 15, 2017
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Hoje, na consulta, a propósito da necessidade de gastar dinheiro com a “saúde”, um senhor revelou-me orgulhosamente que tem um carro com cerca de 25 anos, “que está impecável, como novo” e ainda com a pintura original. Para que tal aconteça, desde sempre teve o cuidado de o colocar à sombra, chegando mesmo ao ponto de, à hora de almoço, o trocar de lugar para que se mantivesse protegido do sol.

O meu veículo pessoal é o meu corpo. Ao corpo que é dinâmico e complexo faz falta um pouco de sol, mas ainda assim sem excessos. Preciso de o proteger do excesso de sol e de outros agressores interno e externos. Uma das coisas que não faz falta ao meu corpo é o excesso de gordura VISCERAL. A gordura visceral é o “pneu”.

A gordura que está na minha barriga ou em volta da minha cintura é a mesma que está a envolver os meus órgãos internos – está à volta do intestino, do fígado e até do coração – esta gordura é um “armazém” de energia. Se esta energia não for utilizada vai tornar-se prejudicial para o funcionamento do meu corpo – como se fosse uma espécie de “radioatividade”, a gordura visceral acumulada vai provocar um fenómeno chamado INFLAMAÇÃO.

Se o “pneu” persistir, também a inflamação vai persistir e tornar-se crónica – o que vai gerar doença no meu veículo/corpo. Doenças como a diabetes tipo 2, a hipertensão arterial e mesmo alguns cancros são, pelo menos em parte, provocadas pela inflamação. Se essas doenças aparecerem o tratamento delas e das suas consequências é CARO. Tal como com um carro é sempre mais caro reparar avarias do que preveni-las. Assim, eu diria que a doença é cara, mas a saúde (prevenção) dá trabalho.

A ciência avança rápido e a medicina no geral acompanha a ciência – mas o percurso não é linear – hoje não temos dúvida que, quanto maior o tamanho da nossa barriga, maior o risco de doença (exceto se estiver grávida).

O que hoje sabemos de diferente e que a ciência está a demonstrar é que comer gordura não é igual a engordar!

A gordura não é toda igual e existem alimentos gordos e calóricos como os ovos, que nos fazem falta e nos ajudam a emagrecer. Regra geral, o que nos faz aumentar o “pneu” são os chamados hidratos de carbono simples – não os quero chamar de açúcares para que não pensem apenas nos doces. As farinhas, como o pão, as bolachas (mesmo integrais) e o próprio álcool, entre outros, têm uma grande capacidade de fazer subir o nosso açúcar no sangue – o que vai fazer com que a hormona insulina tenha de ser segregada pelo pâncreas para controlar essa subida. O nosso corpo está preparado para POUPAR e como não usa todo esse açúcar encaminha o excesso para o armazém de energia que é a gordura.

Comer uma fatia de pão branco (que eu adoro), do ponto de vista de glicémia (açúcar no sangue) é a mesma coisa que pegar em duas colheres de sopa de açúcar e comer… sendo que o pão tem fibras e outras vitaminas que nos podem ser úteis, em especial se for integral.

Eu sei que não duvidam de mim, mas se tiverem dúvidas consultem uma lista do chamado índice glicémico dos alimentos. Para emagrecer é preciso comer bem e gastar energia para que não se acumule e nos prejudique. Fale com o seu médico – peça ajuda para melhorar a sua alimentação.

Vou continuar a falar sobre GORDURA e claro sobre saúde.

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