O meu senhor Henrique

Cristina Santos Costa // Julho 13, 2017
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Não sei dizer há quantos anos conheço o senhor Henrique o que não importa porque há pessoas que ficam no calendário das nossas vidas como se sempre lá tivessem estado.

O Sr. Henrique é uma dessas pessoas. Entrou e instalou-se com a delicadeza que trazem na alma as pessoas especiais. Silencioso foi tratando de um velho soalho com a dedicação de quem restaura uma obra de arte. A arte que lhe sai daquelas mãos inteligentes a afagar a madeira como quem faz poesia e encaixa ripas tratadas como as palavras que se soltam do coração.

Aparecia sempre à mesma hora porque os dias são para ser vividos por inteiro e os dias do Sr. Henrique são vários dias que ele conjuga num só.

Contou-me que gostava de música. E das palavras. E no entanto nos olhos trazia a mesma alegria com que se sentaria mais tarde junto ao piano a treinar os dedos para as obras dos clássicos, tão diferentes daquele martelar preciso com que agarrava as tábuas à vida daquele chão.

Não sei quantos dias andou naquela casa cheia das memórias que os meus avós por lá deixaram. Eu queria que a obra durasse para nos intervalos dedicados ao almoço as estórias se soltassem daquele homem e nos colorisse os dias vividos naquela aldeia onde o tempo pára para sermos mais felizes.

O Sr. Henrique alterou-nos os dias com a cor da sua alegria, da sua sensibilidade, da sua palavra solta sempre amável, com a ternura que traz colada nos olhos.

Não sei há quanto tempo conheço o senhor Henrique mas sei o que vale a nobreza daquele homem afável como só sabem ser as pessoas bonitas.

Obrigada por ser tanto…senhor Henrique!

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