Afinal, quem Resgata quem? - Benefícios Psicológicos Associados aos Animais de Estimação

Ana Bispo Ramires // Fevereiro 23, 2017
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Hoje, não era suposto ser este o tema… Mas há imprevistos que nos surgem e que acabam por mudar o rumo da nossa Vida.

Escolhas que fazemos, direções que tomamos… e hoje foi um desses dias.

A Nuba entrou na vida da Carla, a especialista da área da Osteopatia, por mero acaso… ou por outra, porque o seu “criador” (perdoem-me as pessoas que se dedicam a esta profissão com o devido sentido ético) não a conseguiu vender… e iria entregá-la num canil…

Infelizmente, a Nuba é só mais um, entre milhares de abandonos que acontecem em Portugal e por esse mundo fora – e, por essa razão, e porque (desta vez) conseguimos ajudar, resolvemos interferir e entregá-la a uma família que se comprometerá com ela… para a Vida.

A causa animal tem efetivamente muitos defensores (poucos ainda, para as necessidades que tem…) mas, tal como todas as outras causas de solidariedade, só vê justificada a sua existência porque, na realidade, como indivíduos, muitos de nós falham, no que respeita ao seu sentido comunitário (em todas as suas vertentes)…

Mas não, este não pretende ser um artigo de censura… muito pelo contrário, pretende ser um artigo de ALERTA pois, na realidade, não estamos a falhar com eles, estamos a falhar connosco próprios.

Senão, vejamos:

Em 2014, a curta-metragem animada “The Present” ,dirigida por Jacob Frey e co-escrita por este com Markus Kranzler, ganhou 60 prémios de vários festivais de cinema e alcançou a aclamação da crítica dos especialistas.

De uma forma muito intuitiva, e tocando uma enormidade de temas distintos que poderiam ocupar uma imensidão de artigos (como, por exemplo, o “treino” em comportamentos aditivos que os nossos jovens fazem, via jogos e redes sociais – e sua implicação na destruição de qualquer capacidade empática, com claras repercussões numa série de áreas, nomeadamente, na intensificação de comportamentos de alienação e agressividade), esta curta-metragem ilustra como um jovem inicia o seu processo de restruturação de auto-estima, através da ligação a um ser vivo.

Quem foi afinal resgatado?

De facto existe já uma imensidão de estudos que reportam que o suporte social é um pilar crítico para o bem-estar físico e psicológico de cada um de nós, traduzindo-se numa maior centração em nós próprios, como indivíduos, e na nossa Vida.

Estudos mais recentes, identificam que o relacionamento com um animal, complementa esta nossa experiência social (não “competindo”, sequer, com a mesma – por outras palavras, numa vida equilibrada é suposto balancearmos a presença de amigos, pessoas significativas e animais).

Neste âmbito, não só se encontra cientificamente comprovado que a coexistência com um animal resulta numa eficaz alavanca para lidarmos melhor com eventos de vida stressantes mas também, que a mesma tem efeitos significativos como:

  • ferramenta de consolidação de auto-estima
  • redução da presença de fenómenos afetivos tipo depressão e ansiedade
  • redução da sensação de isolamento e solidão
  • menor percepção de doença física e menos visitas a médicos
  • estilo de vida mais saudável (melhor qualidade cardíaca) e,
  • percepção subjetiva de felicidade mais elevada
    (National Center for Health research, USA 2015)

Por tudo isto, por uma razão de mais saúde e mais qualidade de afetos, das nossas crianças aos nossos séniores, passando por nós próprios, a integração de um animal no nosso quotidiano traduz-se, a médio-longo prazo, numa imensidão de benefícios e ganhos que contribuem decisivamente para elevação do nosso bem-estar.

Então, qual a razão de tanto abandono?

Pelo desafio que trazem aos limites da nossa paciência ou tolerância ao erro (quando roem ou estragam alguma coisa, quase sempre por inconsistência das nossas regras), a nossa incapacidade em nos comprometermos emocionalmente com alguma coisa a médio-longo prazo, por não sabermos lidar com a nossa própria frustração e sensação de incompetência.

Acima de tudo, por uma profunda ausência de consciência de que, ao “desistirmos” deles estamos, na realidade, a desistir de nós próprios… como pessoas e como modelos para as gerações que nos observam.

“The greatness of a nation can be judged by the way its animals are treated.”

Mahatma Gandhi

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