A Menopausa: mudar, de forma saudável

Sofia Serrano // Outubro 18, 2018
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Desde que uma mulher tenha brilho nos olhos, nenhum homem irá reparar se tem rugas em volta deles.”

Dolores Del Río, atriz

Podemos dizer que as mulheres passam duas vezes pela adolescência: porque depois de termos ultrapassado a puberdade e chegado à vida adulta, entramos novamente numa época de flutuações hormonais e mudanças de humor intensas, bem como transformações físicas – a perimenopausa. Começa por volta dos 43 anos e atinge o seu máximo aos 47-48 anos. Há alterações de sono, suores noturnos e, acima de tudo, flutuações de humor marcadas. Depois, segue-se a menopausa.

O que é a menopausa?

A menopausa corresponde a uma etapa da vida da mulher em que ocorre a cessação permanente da menstruação, devido à paragem de funcionamento dos ovários. O início da menopausa só pode ser considerado após um ano do último fluxo menstrual, uma vez que, durante esse intervalo, a mulher ainda pode, ocasionalmente, menstruar.

Nem todas as mulheres passam pela menopausa da mesma forma. Algumas não sentem os afrontamentos, a irritabilidade, as insónias ou a secura vaginal, enquanto para outras, estes sintomas são tão intensos que interferem com o seu dia-a-dia.

É importante também salientar que a menopausa é, muitas vezes, encarada erradamente como um acontecimento negativo, um marcador de “velhice”. Esta é uma ideia ultrapassada: a menopausa é mais uma fase da vida da mulher, para ser vivida em pleno, com pontos positivos e negativos, onde deixamos de precisar de contraceção e ocorre o fim dos períodos menstruais, que podem ser difíceis de suportar para muitas mulheres.

Com que idade a mulher entra na menopausa?

A idade da menopausa varia de mulher para mulher, podendo acontecer entre os 45 e os 55 anos. Em Portugal, a idade média para a menopausa situa -se nos 51.

Nos casos em que a menopausa ocorre antes dos 45 anos, consideramos que há uma menopausa precoce, e se surgir após os 55, é tardia.

Quais são os sintomas e sinais da menopausa?

Na menopausa ocorrem transformações importantes no organismo da mulher que estão relacionadas com a redução do funcionamento dos ovários, com uma queda marcada da produção de hormonas.

São sintomas e sinais da menopausa:

  • ausência da menstruação;
  • secura vaginal;
  • ondas de calor;
  • suores noturnos;
  • insónias;
  • diminuição do desejo sexual;
  • diminuição da atenção e memória;
  • perda de massa óssea – osteoporose;
  • aumento do risco cardiovascular;
  • alterações na distribuição da gordura corporal;
  • depressão.

Há algumas soluções para melhorar as queixas das mulheres na menopausa, mas é fundamental fazer uma consulta com o seu ginecologista e ser ele a indicar a terapêutica mais adequada. Deve ser feita uma avaliação do estado de saúde da mulher, e uma mamografia, para que se possa decidir qual o melhor tratamento.

Nesta fase, recomenda-se que a mulher faça consultas regulares com outros profissionais além do ginecologista habitual, especialmente com o cardiologista e, se necessário, com um psicólogo ou psiquiatra. Devido à redução do metabolismo com a menopausa, é habitual que haja algum ganho de peso, aumento do nível de colesterol e da tensão, bem como sintomas de tristeza, baixa autoestima e até depressão.

Combater os sintomas da menopausa com alimentação saudável:

Saber o que comer nesta fase da vida é muito importante, pois a alimentação ajuda a diminuir os sintomas da menopausa, como as ondas de calor, ansiedade e insónia, melhorando o bem-estar da mulher. Devemos escolher uma dieta rica em fruta e vegetais, privilegiando o azeite e limitando a ingestão de gorduras saturadas e doces. Também é importante moderar a ingestão de sal e proteínas, que potenciam a eliminação de cálcio pela urina, bem como de bebidas alcoólicas e estimulantes como o café, que favorecem o risco de problemas cardiovasculares e cancro da mama.

Uma alimentação saudável na menopausa deve incluir:

  • produtos ricos em fitoestrogénios, como a soja, e à base de soja, lentilhas, grão, amendoim, sementes de linhaça, farelo de centeio, trigo integral, cevada, sementes de sésamo e semente de abóbora;
  • legumes, hortaliças e frutas frescas, especialmente citrinos;
  • alimentos ricos em vitamina A;
  • legumes como brócolos e espinafres;
  • alimentos ricos em ómega 3, como peixe, sementes de chia e frutos secos;
  • alimentos ricos em cálcio e vitamina D: leite e derivados, sardinhas com espinha, leguminosas, cereais integrais, legumes de folha verde, sementes de sésamo, nabo;
  • ovos (dois a três por semana);
  • cereais: arroz, batata, massa integral;
  • azeite.

Combater os sintomas da menopausa com exercício físico:

As alterações que ocorrem na menopausa fazem com que as mulheres percam cerca de 2% de densidade mineral óssea por ano. O desporto pode ajudar a minimizar o problema.

É importante manter um estilo de vida ativo: andar a pé, usar as escadas em vez do elevador e evitar passar muitas horas sentada. Além disso, pelo menos três vezes por semana, deve-se praticar um desporto com carga, como corrida ou marcha, dança ou musculação, durante 30 a 45 minutos, para preservar a massa muscular e o peso, estimular a formação óssea e reduzir o risco de problemas cardiovasculares.

O exercício físico deve ser monitorizado e adequado às condições de saúde. É importante ter aconselhamento médico e ser acompanhada por um profissional.

Além do efeito benéfico para a saúde óssea, o exercício físico permite ainda melhorar outras capacidades, nomeadamente a força muscular, a coordenação dos movimentos, o equilíbrio, a postura e a mobilidade, prevenindo quedas. Ajuda a manter um peso adequado, previne a obesidade e a diabetes, melhora a capacidade cardiovascular, facilita a circulação sanguínea e diminui o risco de hipertensão. A nível respiratório, o exercício físico moderado fortalece os pulmões e o coração, e melhora a capacidade respiratória.

Como tratar a menopausa? 

Os tratamentos da menopausa servem para obter um novo equilíbrio no organismo da mulher e para prevenir as consequências da redução natural de hormonas. Nem todas as mulheres vão necessitar de tratamento.

. Terapêutica hormonal de substituição (THS)

São hormonas sexuais que vão aliviar os sinais e sintomas da menopausa. Podem ser estrogénios ou progestagénios isolados, uma associação estroprogestativa e ainda a tibolona. A escolha depende de cada mulher em concreto. Melhoram principalmente os afrontamentos, mas também a secura vaginal e líbido, e a longo prazo previnem a osteoporose.

Estão associados a um aumento do risco de cancro da mama, AVC e embolia pulmonar, em particular quando a terapêutica dura mais de cinco anos, pelo que a THS só deve ser feita por este período máximo.

. Derivados da soja

São comprimidos à base de derivados da soja que têm uma ação semelhante aos estrogénios. Começaram a ser usados por se verificar que as mulheres asiáticas, que consomem bastante soja, tinham menos queixas na menopausa e menos cancro da mama.

E, a sexualidade após a menopausa?

A sexualidade é parte fundamental do nosso bem-estar em qualquer idade. Após a menopausa, podemos continuar a sentir-nos sexy e a viver a nossa vida em pleno, apesar de, durante muito tempo, persistir o mito que depois dos 50 anos acabava a vida sexual.

Com a menopausa, há algumas mudanças, que variam de mulher para mulher: algumas passam a ter mais prazer com o sexo, por desaparecer o receio de uma gravidez não desejada, outras têm menos desejo e menos prazer devido à diminuição das hormonas produzidas pelos ovários.

A perda dos níveis de estrogénio reduz a lubrificação e a vascularização vaginal, o que pode provocar dor nas relações sexuais. Outras alterações de vida que acontecem na altura da menopausa, como a saída dos filhos de casa, instabilidade no emprego, problemas de saúde, dificuldades familiares ou económicas, podem ter um efeito mais importante na redução da libido do que a menopausa propriamente dita.

É um mito que depois da menopausa não há interesse sexual ou que a atividade sexual é má para a saúde nesta idade. É normal que haja redução do interesse sexual e que possam aparecer outras queixas, que devem ser esclarecidas com o médico.

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