A importância das árvores

Fátima Lopes // Março 21, 2018
Partilhar

Hoje comemora-se o Dia Mundial da Árvore cujo objectivo é sensibilizar para a importância da preservação das árvores. E, por isso, decidi conversar com Manuel de Carvalho e Sousa, Arquitecto Paisagista. Foi uma conversa maravilhosa de onde retirei cinco pontos que considero importantes partilhar convosco.

1. Em termos globais, que influência têm as árvores na qualidade de vida humana?

“A vegetação em geral, e as árvores em particular, foram as responsáveis por tornar o planeta habitável, ao absorverem o dióxido de carbono e ao libertarem o oxigénio. Uma parte desse oxigénio foi-se transformando em ozono, que forma uma camada na atmosfera com um efeito protector da radiação solar.

As florestas são responsáveis por cerca de metade da evaporação de água em termos mundiais, através da evotranspiração das folhas. Fixam também o solo e melhoram a infiltração de água, diminuindo a erosão hídrica e eólica.

As árvores têm um papel extremamente relevante na qualidade do ar, ao combater as alterações climáticas e na preservação da biodiversidade mundial.”

2. Há países que estão a plantar milhões de árvores, como a Índia e a China, e outros países como o Brasil que continua a desbastar a Amazónia. Não há aqui um grande contra-senso?

“Os países com mais população mundial já há muito tempo que sentem os efeitos nocivos da desflorestação, que se traduzem em cheias e as secas, na má qualidade do ar, na perda de capacidade produtiva dos solos, em fenómenos extremos do clima, nas catástrofes naturais e no aquecimento global. Deste modo, estes países, perceberam que a forma mais barata e eficaz de minimizar estes impactes seria com a arborização. É tal a sua determinação que chegam a bater records mundiais de plantação de milhões de árvores num só dia e a arborizar desertos com metodologias inovadoras.

Outros países estão ainda num processo de exploração de forma não sustentável dos seus recursos naturais, como acontece com vários países em África, no Sudoeste Asiático e no Brasil.

Há de facto há um contra-senso entre as várias políticas dos diferentes países, porque o clima é global, mas as políticas são nacionais.”

3. As ruas arborizadas são muitas vezes contestadas pelas folhas que caem no outono e por causarem muitas vezes estragos quando há mau tempo, por tombarem e pela queda de ramos. Porque se arborizam as ruas?

“A arborização das ruas deve efetuar-se sempre que haja espaço para a árvore poder crescer livremente, sem podas nem descaraterização da sua forma natural. Para tal, deve escolher-se a espécie com o porte adequado e sua localização não deverá interferir mecanicamente com as habitações, nem ser um obstáculo à iluminação pública nem à mobilidade dos transeuntes.

As árvores de arruamento melhoram a qualidade de vida da população, porque se forem de folha caduca sobreiam de verão e deixarem passar os raios solares de inverno. Também arrefecem o ar propiciando correntes de ar que removem o ar quente e poluído dos arruamentos. Por outro lado, uma boa arborização contribui para a diminuição do ruído, criam um ritmo cromático anual que ajuda o nosso corpo a adaptar-se às mudanças das estações e permite o contacto com a natureza por parte dos residentes.

As árvores devem ser monitorizadas regularmente de forma profissional para avaliar o seu estado de conservação e serem substituídas sempre que haja risco de segurança para pessoas e bens. Devem ser retirados os ramos que estejam danificados e fazer-se a educação ambiental sobre as folhas no outono, informado que elas não são lixo.”

4. É frequente em muitas vilas e cidades fazerem-se grandes podas nas árvores. Porque se podam?

“Em muitas vilas e cidades fazem-se grandes podas, principalmente porque as árvores foram mal escolhidas ou estão mal localizadas. Muitas vezes o problema reside na falta de formação técnica de quem faz este tipo de operações. As situações de espécies mal escolhidas e mal localizadas devem ser corrigidas gradualmente, bem como recrutar arquitectos paisagistas, para que as intervenções nas árvores sejam apenas cirúrgicas, apenas em caso de necessidade.

Por falta de educação ambiental, muitas pessoas acham que não podar é sinal de desprezo pelas árvores e, por vezes, solicitam este tipo de intervenções aos políticos.”

5. Qual a importância na saúde da população urbana da existência de parques e jardins públicos?

“A população urbana necessita da existência de espaços verdes urbanos para diversas actividades de recreio e lazer, como seja para o seu relaxamento pessoal, o relacionamento social, a realização de exercício físico e de actividades desportivas, as actividades de recreio infantil e juvenil, bem como para a contemplação da natureza.

Os parques e jardins públicos permitem a existência da vida animal e o equilíbrio ecológico na cidade, em que as aves insetívoras controlam os insetos que propagam doenças. É ainda relevante a diminuição dos poluentes e poeiras em suspensão do ar e o contributo para a diminuição das tensões pessoais e familiares.”

É preciso falar de árvores mais vezes. É preciso conhecê-las, saber como tratar delas. Porque, nunca nos devemos esquecer: preservar as árvores é uma questão de saúde.

Social Media

Copyright © 2023 Simply Flow. Todos os direitos reservados.

Este site utiliza cookies para melhorar a sua experiência. Aceitar Saber mais